sábado, 27 de agosto de 2011

VALPEDRE - O NOSSO CAMPEÃO

VALPEDRE
O NOSSO CAMPEÃO


Não sei se este escrito lhe vai cair nas mãos, mas o que eu sei é que há muito que lhe devo estas linhas. Estou plenamente convencido, que com o nosso crescimento físico e intelectual, os nossos ídolos vão sendo renovados. Mas se esta renovação pode ser feita sem grandes dificuldades, já esquecê-los é mais difícil. Se me dão licença vou falar do meu primeiro ídolo “O Valpedre”.
Decorriam os anos 60 e a Escola Técnica abria pela primeira vez as suas portas em Penafiel. A nível de ensino, a cidade ficava apetrechada com o Colégio do Carmo e a nossa Escola Industrial.
Ora as olimpíadas estudantis está fácil de ver que se disputavam entre estes dois estabelecimentos de ensino, vendo cada um no outro o seu rival ou adversário como lhe queiram chamar. Evidentemente que os colegas do Colégio do Carmo já tinham experiência e treino (dado pelo Sargento Lima), ou como se diz na gíria traquejo nestas andanças. Assim conheciam todas as manhas e truques a aplicar nas várias modalidades.


Por outro lado, os da Escola Industrial faziam das tripas coração, para contrariarem toda esta tendência de vitória antecipada. Para os leitores terem uma ideia dessas dificuldades, vou-lhes relatar um exemplo: os mais matulões como possuíam mais cabedal, eram escolhidos para o lançamento daquela esfera de ferro, chamado de peso. Acontece que nem isso existia na escola e o lançamento do peso era treinado com um paralelipípedo desses das nossas estradas. O Chico Ramelau (de apelido), natural de Vila Cova, que tinha força como um burro, lá colocava o paralelo nos queixos e depois de rodopiar lá o lançava. Só que nestas coisas, além da força, é preciso jeito para o fazer voar e isso era coisa que ele não possuía. E por mais apelos que o Chico fizesse aos seus músculos, mal a esfera saía da sua mão, parece que a força da gravidade triplicava.
Já perto do final e de a Escola Industrial acumular derrota atrás de derrota, eis que chega a prova de corta-mato. Aí todos partiam juntos, mas à chegada claro estava que apenas se via um, sozinho, isolado sem ninguém. Esse era o nosso herói, o nosso campeão, o nosso ídolo, “O Valpedre”. Entrava no estádio e a malta toda de pé aplaudia enquanto o nosso amigo com os braços no ar e todo sorrisos, cortava a meta e salvava assim a honra do convento que neste caso era da Escola Industrial. Corríamos a abraçá-lo, enquanto os mais matulões o levavam aos ombros, isso porque nesta altura a cantilena do “Olé, olá, o Valpedre é o melhor que há”, era desconhecida, senão lá estaríamos nós a trauteá-la, ou então aquela utilizada pelas claques desportivas do “e quem não salta é …(aquela coisa que não se diz e que todos sabem e ronda o nível abaixo de raso). Bem, mas enquanto o Valpedre era a razão do nosso contentamento, o Sargento Lima de cronómetro enfiado nos dedos, lá media os segundos e os minutos de atraso que trazia o seu 1º pupilo, quando chegasse à meta. É que por mais voltas que ele desse nos treinos, os seus instruendos não tinham canetas que chegassem aos calcanhares do Valpedre. Claro está que o grande campeão Valpedre, não saía em letras garrafais nos jornais, não se via na televisão, nem se ouvia na rádio. Isto é o que se pode chamar “um ídolo para consumo caseiro”.
Depois da Escola fomos à vida. De certeza que o Valpedre já atingiu algumas metas, embora para tal tenha sentido muitas vezes o sabor amargo da derrota.
Mas, não o estou a ver a usar o “doping da cunha”, ou do “Partido”, para fintar ou ultrapassar os outros atletas de todos os dias, nem justificar os infortúnios com o “Sistema”, que é uma coisa que não se vê, mas se sente no dia-a-dia e aonde cabem todas as injustiças e desculpas. Nada disso! O meu ídolo não pode descer tão baixo, e tal como outrora joga limpo, sempre de cara levantada e sorriso nos lábios.
Embora o esteja a imaginar agora com uns quilitos a mais na pele, com os colesteróis e os ácidos úricos a atrapalhar, mais dia, menos dia, temos que fazer o salto em altura para os braços do Criador.
Mas se Deus quiser, ainda teremos muitos e bons anos para treinar essa nova modalidade.
Até lá, um abraço e um Até Sempre Campeão.

Nota – Acontece que o nosso amigo Valpedre leu este escrito, e lá me enviou duas medalhas não só para ilustrar este texto, como para confirmar os seus feitos.
Extraído do blogue "Penafiel Terra Nossa" de Fernando José de Oliveira 
HOMENAGEM AO DR. AURÉLIO TAVARES

DR. AURÉLIO TAVARES COM O COLAR DA
ORDEM DE SANTIAGO DE ESPADA


Uma comissão de antigos alunos e colaboradores do ex-Director da Escola Industrial e Comercial de Penafiel – Dr. Aurélio Alberto da Costa Peixoto Pais Tavares, falecido em 12 – 10 – 1981 tenciona prestar-lhe uma homenagem a levar a efeito em 9 – 10 – 1982.

Pede-se aos alunos, professores e funcionários que queiram colaborar e tomar parte dessa homenagem, que entrem em contacto com a comissão pelos telefones 22510 – 22498 (Carlos Couto) ou 22605 (Egas Carvalho).

Oportunamente e por esta via será levado ao conhecimento público o programa da homenagem.

Penafiel, 30-7-1982


P’ela Comissão
Carlos Ribeiro do Couto

In “O Penafidelense” 14 de Setembro de 1982




HOMENAGEADA A MEMÓRIA DE

AURÉLIO TAVARES

9 de Outubro de 1982


INAUGURAÇÃO DO BUSTO DO DR. AURÉLIO TAVARES NA ESCOLA SECUNDÁRIA DE PENAFIEL


Antigos alunos, professores e funcionários da ex- Escola Industrial (agora Escola Secundária) de Penafiel homenagearam, anteontem, na passagem do primeiro aniversário da sua morte, a memória do dr. Aurélio Tavares que, entre 1962 e 1974, foi director daquele estabelecimento de ensino.

A homenagem começou com uma missa, pelas 10 horas, na igreja paroquial de Mafamude (Vila Nova de Gaia), seguindo-se uma romagem à campa do dr. Aurélio Tavares, no cemitério anexo, onde foi colocada uma lápide e deposta uma coroa de flores.


FRENTE DA MEDALHA
VERSO DA MEDALHA


Seguidamente, já em Penafiel, foi inaugurado um busto do homenageado, no jardim de entrada da escola de que foi director, busto esse da autoria do escultor Júlio Giraldes que, na oportunidade, enalteceu a figura do Dr. Aurélio Tavares. Além da intervenção de uma ex-aluna, que recitou um poema, foram, ainda, distribuídas medalhas alusivas.

Pela acção que desenvolveu como educador, o dr. Aurélio Tavares era portador da comenda da Ordem de Santiago.

In “Jornal de Notícias” do dia 11-10-1982


Como curiosidade, esta homenagem, coincidiu 21 anos depois, da abertura das aulas na Escola Industrial de Penafiel, ou seja, 9 de Outubro de 1961. 

FALECIMENTO DO DR. AURÉLIO TAVARES

FALECIMENTO DO
Dr. AURÈLIO ALBERTO DACOSTA PEIXOTO PAIS TAVARES
12 de OUTUBRO de 1981

MEMÓRIA

A notícia veio abalroar os nossos espíritos: «Faleceu o Sr. Dr. Aurélio Tavares, Mestre das Letras, servo da Cultura!». Faleceu… e com ele a força de um génio, que tantas e tantas vezes inundou a nossa terra de brilho, sem tão pouco ser um dos seus filhos de sangue, mas sendo, com toda a certeza, filho do seu coração! No seio de inúmeros dissabores, que só gente de baixa qualidade, de mesquinho sentido lhe pôde provocar, deu sempre o melhor que tinha em si, a esta terra que nunca lho conseguirá agradecer.

O homem, aquele senhor amável de uma delicadeza invulgar, aquele senhor que estava sempre pronto a receber-nos, a colaborar, a encorajar, esse pode ter desaparecido do nosso meio, mas fica-lhe a eterna mensagem, ora propagada nos jornais, ora registada em livros, ora – e só quem viu… - em centenas de trabalhos ordenados e compilados ainda por publicar. Aurélio Tavares não morreu! Continua entre nós, continua vivo mais que nunca, continua a ser mestre dos que se encaminham para os trilhos do saber, da ingrata cultura!

Não vale a pena fazer-lhe a Biografia, porque qualquer pessoa minimamente iluminada não deixou de conhecer a sua extraordinária inteligência como escritor, a sua extensa actividade literária! Basta deixar-lhe, aqui, a mensagem de amor e dedicação que ele já nos havia transmitido durante toda a sua vida; basta pensarmos que a sua memória se repercutirá enquanto os séculos se desdobrarem; basta querermos, e hoje honestamente, render-lhe a meritória homenagem, e quão pequenos somos para que ela lhe chegue e tenha alguma importância…! Vai o homem, mas fica sempre o HOMEM, esse espírito que nunca desaparece, que nos elucida e ajuda para todo o sempre, essa obra incalculável com que Deus presenteia alguns dos seus escolhidos!

Em nome da Arte, em nome do Saber, em nome dos humildes Escritores e Poetas da nossa tão pequena cidade e de todo o mundo onde a Beleza não tenha fronteiras, nós nos ajoelhamos, Mestre Aurélio Tavares, perante o génio que sempre serás nas nossas mentes!

José Valduar
In “Notícias de Penafiel” de 23 de Outubro de 1981



DR. AURÉLIO TAVARES

O Círculo Cultural Penafidelense cumpre o doloroso dever de registar o falecimento do snr. Dr. Aurélio Alberto da Costa P. Pais Tavares seu primeiro Presidente da Direcção, ocorrido no Hospital de S. João no dia 12 de Outubro de 1981.

In “O Penafidelense” de 20 de Outubro de 1981

HOMENAGEM AO DR. AURÉLIO TAVARES

HOMENAGEM AO DOUTOR
AURÉLIO TAVARES

COMENDADOR DR. AURÉLIO TAVARES


No passado dia treze de Junho, a Escola Normal de Educadoras de Infância desta cidade, esteve em festa. Foi ali prestada justa homenagem ao Doutor Aurélio Tavares – professor ilustre, que atingiu o limite da sua carreira docente. Poderá dizer-se que, Penafiel quis demonstrar o seu reconhecimento ao homem sabedor, dedicado a uma terra onde se radicou.

O Doutor Aurélio Tavares, após doze anos como director, da Escola Industrial e comercial de Penafiel – a qual elevou a uma impar categoria de ambiente pedagógico e humano, passou a leccionar na Escola Normal de Educadoras, até à sua aposentação oficial, ocorrida no dia 13 de Junho.

Os professores e alunas da Escola Normal, acompanhados no seu director Doutor Monteiro Costa, saudaram o mestre que se ia retirar e tinha também sido agraciado em Leiria, pelo Senhor Presidente da República, com o colar da “Ordem de Santiago de Espada”.

Pelas quinze horas, começaram a afluir à sala onde o Doutor Tavares daria a última aula, os seus amigos, assim como os corpos docente e discente da escola e ainda as autoridades convidadas  - Presidente da Câmara Doutor Ferreira Alves e Comandante da Guarda Republicana Capitão Veiga Ferraz. Todos se interessavam por ouvir o professor insigne na última lição que, como sempre, ele apresentou com peculiar elevação.

Ao iniciar a sua aula, estrondeou na sala uma veemente salva de palmas – palmas bem a propósito, mas que a modéstia característica do Doutor Tavares, tentou repudiar. Dissertando acerca da literatura clássica, aí desenvolveu interessantes considerações sobre a cultura literária grega e cultura literária renascentista. E, ao citar Camões, («Cesse do Grego do troiano, tudo quanto a antiga musa canta…) exemplificou surpreendentemente, como o Poeta Nacional, numa inspirada independência e rompendo com o tradicionalismo da época que buscava os velhos temas de Homero e Virgílio, soube enaltecer valores inerentes à Pátria Portuguesa.

A aula, que embora erudita, foi acessível a todos os circunstantes, terminou com palavras de simpatia para todos que ali tinham ido escutá-lo. Então uma aluna, em nome da escola, transmitiu a “Mensagem” daqueles que jamais esqueceriam nesse estabelecimento de ensino, o Doutor Aurélio Tavares como Professor, como Amigo, como Companheiro.

Finalmente, encerrou a sessão, o director da escola Doutor Monteiro da Costa, que vinculou a falta já sentida naquela casa, do professor correcto e eficiente: «O Doutor  Tavares, além de mestre abalizado e atraente, era ali o companheiro que sabia cumprir; nunca faltava e sempre o substituíra agradavelmente, quando na sua ausência, tal era necessário».  

A coroar a significativa homenagem, decorreu depois noutro local uma merenda de convívio, esmeradamente preparada e servida pelos professores, alunas e funcionários da escola.

In “O Penafidelense” de 22 de Julho de 1980 

10 DE JUNHO DE 1980

Dr. AURÉLIO TAVARES
10 de Junho de 1980
COMENDADOR
DA ORDEM MILITAR DE SANTIAGO DA ESPADA



O Senhor Presidente da República, por proposta da nossa Escola do Magistério, onde por todos os colegas, alunos e pessoal, acaba de distinguir este nosso prezado colaborador com uma das mais elevadas condecorações nacionais: o grau de Comendador da Ordem Militar de Santiago da Espada, do mérito científico, literário e artístico. O respectivo colar é-lhe colocado ao peito em cerimónia solene, hoje, na cidade de Leiria.

Foi uma das 16 individualidades a condecorar a nível nacional por motivo do Dia de Camões e das Comunidades Portuguesas, com as diferentes Ordens.

As nossas mais vivas felicitações ao nosso bom Amigo, que assim vê reconhecidas as suas qualidades de escultor, cientista e professor, no momento em que termina a sua actividade profissional.
In “O Penafidelense” 10-06-1980

FIM DA ESCOLA INDUSTRIAL E COMERCIAL DE PENAFIEL

Em 1975 gerou-se um consenso largo na sociedade portuguesa preconizando a unificação do ensino secundário.
O processo foi alastrando, ano a ano, com a criação dos anos unificados.
Na sequência do processo de unificação, um decreto-lei de 27 de Abril de 1978 previu a fusão do Liceu Nacional de Penafiel e da Escola Industrial e Comercial de Penafiel (vulgo Escola Técnica).
A 1 de Outubro de 1978 ambas as instituições foram declaradas extintas, sendo criada a Escola Secundária de Penafiel.


sexta-feira, 26 de agosto de 2011

EXCURSÃO EM DISCURSÃO

ESCOLA INDUSTRIAL E COMERCIAL DE PENAFIEL
EXCURSÃO EM DISCURSÃO
PARA AS BANDAS DA SERRA DA ESTRELA
17 de Março de 1978

Sé Catedral de Viseu

Piquenique em Viseu (foto retirada do facebook)


Aprazada para a última sexta-feira, partiu uma excursão de alunos da Escola Técnica de Penafiel para as bandas da Serra da Estrela, onde a neve ainda poderia arrefecer os tórridos calores de muitos dos excursionistas.
Já na viagem de regresso, quando chegados a Viseu, onde a maioria se preparava para dar ao dente, peremptório o motorista impunha só 30 minutos para o repasto, que o tempo não permitiria ser ajantarado.
Cerca das 19,20 chegaram os autocarros a Viseu, portanto às 19,45 teriam de retomar a marcha para Penafiel.
Houve discordância por parte da organização, protestos e explicações mas a verdade é que, aqueles que não estiveram na caminheta na hora marcada, ficaram em Viseu, (ao todo 28 entre a maioria raparigas menores) e tiveram de ser conduzidos em carros de praça para Penafiel, onde chegaram cerca das duas horas da madrugada e uma conta de 5.400$00 para pagamento de transporte. Gerou-se certa confusão e os pais dos alunos estiveram no passado sábado na Escola, onde em contacto com os responsáveis ficaram a saber que a Direcção da Escola havia delegado em quatro professores o acompanhamento excursionista, e que se vai proceder a um inquérito para averiguar responsabilidades.
- O que é certo é que 28 alunas na sua maioria ficaram em Viseu porque os responsáveis (professores – chaufeur) assim o entenderam, como que os tivessem deixado no Jardim Egas Moniz de Penafiel para que fossem depois a pé para a Escola!...
- Mas ficou-nos certa dúvida: não haverá nada mais por detrás de tudo quanto se passou?
- Esperançados ficamos de que nos forneçam o resultado do inquérito para se acabarem com certas dúvidas que afligem os pais ou responsáveis dos alunos da Escola Industrial e Comercial de Penafiel.
In “Notícias de Penafiel” de 24 de Março de 1978

VARANDA DE CULTURA

Livro de poesia do Dr. Aurélio Tavares



In jornal "O Penafidelense" de 25 de Abril de 1978


In jornal "O Penafidelense" de 25 de Dezembro de 1979


quinta-feira, 25 de agosto de 2011

NOVO ANO ESCOLAR


In jornal "O Penafidelense" de 8n de Julho de !975
Fim do jornal "O Tempo", onde muitos alunos viram publicados os seus artigos na rúbrica "Secção Cultural da Escola Técnica" orientada pelo Professor Dr.Ferreira de Sousa



In jornal "O Penafidelense" de 14 de Janeiro de 1975

ASSOCIAÇÃO DE PAIS

In jornal "Notícias de Penafiel" de 19 de Setembro de 1975

MANIFESTAÇÃO DE 6 DE MAIO DE 1974

MANIFESTAÇÃO DE 6 DE MAIO DE 1974

Em 6 de Maio de 1974 o «Jornal de Notícias» publicava a seguinte notícia de Penafiel
Em Penafiel
Numerosos alunos da Escola Industrial de Penafiel desfilaram pela cidade, debaixo de copiosa chuva, em direcção ao Regimento de Artilharia 5, onde apresentaram o seu incondicional apoio e a mais franca adesão à Junta de Salvação Nacional.
Por sua vez a Câmara Municipal resolveu enviar um telegrama cujo teor é o seguinte: «Ex.mo sr. general António de Spínola, presidente da Junta de Salvação Nacional. Primeira reunião ordinária após 25 de Abril, Câmara Municipal de Penafiel, por proposta seu presidente, deliberou, por unanimidade, sincera e leal colaboração Junta Salvação Nacional, contribuindo bem-estar todos os portugueses».
In “Jornal de Notícias” do Porto 6 de Maio de 1974

ASSALTADO O ESTABELECIMENTO
de um democrata penafidelense


Aconteceu em Penafiel, por volta das 14 horas e meia. Nas montras do estabelecimento de fotografia que o sr. António Guimarães, nosso solicito correspondente naquela cidade, possui na sua residência, à Rua do Paço, 32, ostentava-se vária propaganda que o seu coração de democrata de sempre guardara, religiosamente, durante todos esses anos em que não fora possível exibi-la com a liberdade dos dias actuais. Eram imagens do que fora a acção das Forças Armadas em Penafiel na data histórica do 25 de Abril; era a reprodução de uma gravura de 1958, mostrando o general Humberto Delgado, líder liberal de então, numa das suas atitudes de tribuno, e, logo a seguir, um cartaz com a afirmação de que ele fora vítima de assassínio perpetrado pela polícia política. Na outra montra do estabelecimento, junta de profusa documentação do Movimento Democrático de Penafiel, incluindo convocatórias de reuniões, um documento chamando a atenção dos colaboradores da Imprensa para certas formas de propaganda atentatórias da verdade, mediante «informação» obtida em condições mais ou menos suspeitas e através de «informadores» que o não eram menos.
De repente, desembocou na estreita rua, um grupo de estudantes da Escola Industrial de Penafiel, miúdos de onze / doze anos como que «enquadrados» por graúdos bastante mais «espigados». Vinham, também – segundo apurámos «in loco», mediante o depoimento de testemunhas oculares e «auriculares» - funcionários administrativos daquele estabelecimento de ensino, bem como pessoal serventuário, uns e outros ostentando cartazes e cantando estribilhos contra o sr. António Guimarães e favoráveis ao director da Escola. Parando em frente do estabelecimento do primeiro, os graúdos entraram ali, exigindo da filha do proprietário – no momento ausente em outro local – que da montra fosse retirado o tal documento de alerta, »se não quebrariam os vidros da montra»… Ao mesmo tempo, na rua, indivíduos do sexo feminino, supostamente alunas da Escola, proferiam insultos contra o sr. Guimarães, ofendendo-o, inclusivamente, na sua honra de marido e de filho. E era uma menina mestiça quem, na circunstância, mais se evidenciava em tal linguajar.

INTERVANÇÕES OPORTUNAS
Entretanto, várias pessoas da vizinhança, muito justamente indignadas com o que se estava a passar, intervieram, evitando assim que os manifestantes levassem por diante as suas ameaças, talvez prestes a concretizarem-se, uma vez que chegaram a agarrar pelos braços a filha do proprietário do estabelecimento, tentando forçá-la a retirar da montra o documento já citado, ao mesmo tempo que insultavam a mãe da jovem, senhora muito doente e que, por isso, se sentiu mal.
Valeu às duas senhoras, na emergência, a intervenção oportuna dos srs. Valentim Bessa Moreira, finalista do Liceu, e Augusto de Sousa Magalhães, funcionário do Grémio do Comércio, os quais foram unânimes em afirmar que «eles entraram por aqui dentro e, enquanto uns invadiram tudo, outros batiam nos vidros da montra».
Segundo contaram ao último, «a ordem que traziam era de partir os vidros, se o papel não fosse retirado». Referiu, ainda, o mesmo sr. Magalhães, que «uma professora só saiu do local quando o aspirante João Lima – que pouco depois +assara perto, a caminho da instrução, com alguns soldados, e cujo auxílio fora solicitado – do R. A. L. 5, lhe mostrou a fotocópia do documento».
A partir da intervenção do referido aspirante do R.A.L. 5, os ânimos aquietaram-se. Com efeito, aquele aspirante a oficial, fazendo uso de um megafone, avisou os assaltantes de que poderia ver-se obrigado a prendê-los, se não respeitassem o direito de cada um manifestar desassombrada e livremente as suas opiniões, quanto mais invadindo-lhe a casa e ameaçando a família!

CONFIRMANDO
Não quisemos regressar ao Porto sem, primeiramente, contactarmos alguém responsável da Escola Industrial de Penafiel. Dirigimo-nos, pois, ali, a fim de entrevistar o respectivo director, sr. Dr. Aurélio Tavares, para nos confirmar – ou não – que a manifestação contra o sr. António Guimarães fora realizada por alunos da sua Escola. Pretendíamos, ainda, entrevistar, se possível, alguns desses mesmos alunos – pretensão que somente o director de um estabelecimento de ensino pode autorizar. Infelizmente, não conseguimos avistar-nos com ele porquanto, por informação ali recebida, «já fora para casa».
Assim, falámos com uma senhora que se nos apresentou como chefe da Secretaria, a qual confirmou que, efectivamente, «os alunos, tendo conhecimento de que na montra dum estabelecimento estava um papel com declarações contrárias ao que pensavam ser a verdade, dirigiram-se ali para que tal papel fosse retirado». Ao que nos pareceu, a nossa interlocutora desconhecia terem-se dado os incidentes cuja gravidade acabamos de referir. Porém, com o à vontade que marcava as suas palavras, deu-nos também a impressão de que não se apercebera de que a liberdade de pensamento e sua manifestação ordeira não é, apenas, apanágio de uns quantos «eleitos da Fortuna» - mas de todos os Portugueses de boa vontade!
In Jornal de Notícias” de 8 de Maio de 1974

3.ª GRANDE PROVA DE PERÍCIA AUTOMÓVEL - 1974

BAILE DOS FINALISTAS 1974

CARTAZ DO BAILE DOS FINALISTAS


ZINCOGRAVURA DO CARTAZ

PANFLETO ANUNCIANDO O BAILE DE FINALISTAS

FESTA DOS FINALISTAS 1974

O POVO ESTÁ COM O M.F.A.



In jornal "O Penafidelense" de 14 de Maio de 1974

INSTRUÇÃO EM PENAFIEL - 1974


In jornal "O Penafidelense" de 2 de Abril de 1974

NOVOS CURSOS


In jornal "O Penafidelense" de 2 de Outubro de 1973

INSTRUÇÃO EM PENAFIEL - 1973


In jornal "O Penafidelense" de 17 de Julho de 1973

FESTA DOS FINALISTAS 1973

Extinto Cine-Teatro S. Martinho
onde se realizavam os Saraus dos Finalistas


In jornal "Notícias de Penafiel" de 25 de Maio de 1973

NOVAS OFICINAS


In jornal "O Tempo" de 15 de Abril de 1973

HOMENAGEM AO DIRECTOR

18 DE DEZENBRO DE 1973

Dr. Aurélio Tavares
Director da Escola Industrial e Comercial de Penafiel


Penafiel, representada pelas suas mais altas personalidades
Prestou justa homenagem ao Director da
ESCOLA INDUSTRIAL E COMERCIAL DE PENAFIEL
18 de Dezembro de 1973

Há doze anos que o ilustre Director da Escola Industrial e Comercial de Penafiel está à frente do nosso primeiro estabelecimento de Ensino secundário.

O Dr. Aurélio Alberto da Costa Peixoto Pais Tavares é, sem dúvida, credor de tal homenagem e Penafiel, reconhecida, esteve na passada terça-feira (18 de Dezembro de 1973) presente à mais justa homenagem que se podia prestar ao homem bom e simples que para Penafiel só tem procurado carrear os mais saborosos e úteis frutos.

Com efeito, é da sua capacidade de trabalho que a Escola Industrial e Comercial de Penafiel iniciada em 1961 com menos de duas centenas de alunos e quase como em via reduzida quanto ao ensino, hoje podemo-nos orgulhar de possuir todos os ensinamentos no aspecto de Electrotecnia e Mecanotecnia que aliado ao Curso Geral do Comércio dão equivalência ao 7º ano e ingresso à universidade. Actualmente é de 1478 alunos divididos pelo Ciclo e Escola Industrial.

Andou muito bem, portanto, a Comissão Promotora em levar a efeito tão digna como justa homenagem a quem é já credor da profunda gratidão de todos os penafidelenses.

Em simples sessão nos novos pavilhões das oficinas da Escola (em construção), depois de inaugurado o Presépio numa sala de aulas, ali foi dito e traçado o perfil do homem simples e bom pelos vários oradores.

A mesa de honra foi constituída pelos sr.s Dr. Aurélio Tavares, Dr. Manuel Alves Moreira, Dr. João Tomé, Tenente-coronel Rolando Tomás Ferreira, Prof. Joaquim José Mendes, Escultor Júlio Margarido Carneiro Giraldes, Justino Ribeiro de Carvalho, Tenente Veiga Ferraz, Dr. Francisco Brandão Rodrigues dos Santos, Ver. Padre Albano Ferreira de Almeida, Dr. D. Maria Gabriela Vieira dos Santos, que traçaram o perfil do homenageado e por fim, visivelmente comovido, após ter sido convidada sua ex.ma esposa D. Laurinda Almeida Tavares a descerrar a fotografia que ficará a marcar uma data gloriosa da Escola Industrial e Comercial de Penafiel, teve palavras de agradecimento devolvendo à Escola da sua Direcção as homenagens de que era alvo.

Num estabelecimento desta cidade foi servido um almoço volante a mais de uma centena de convidados e aí aos brindes usaram da palavra os srs. Escultor Giraldes, Director da Escola Secundária de Vila do Conde, Abreu Cepeda, em representação do Grémio do Comércio e que ofereceu um prémio de 3.000 escudos para o melhor aluno que complete o Curso Comercial, Presidente da Câmara, Dr. José Tomé, Reitor do Liceu, Prof. Joaquim José Mendes, representando o Magistério Primário e por fim o homenageado agradeceu a todos quantos colaboraram naquela festa de que, disse: só muito tarde se havia apercebido.

Os órgãos de informação foram destacados em agradecimentos por alguns oradores.

In “Notícias de Penafiel” de 21 de Dezembro de 1973

HOMENAGEM AO DIRECTOR DA ESCOLA TÉCNICA
DR. AURÉLIO ALBERTO DA C. PEIXOTO PAIS TAVARES
18 de Dezembro de 1973

Na passada terça-feira, fomos surpreendidos por uma festa de homenagem singularíssima, não só pela sua oportunidade como pela sua objectividade.

Foi uma festa oportuna, porque importa despertar a consciência de Penafiel para a grande revolução cultural que está a processar-se entre nós.

Foi deveras objectiva, porque o Senhor Dr. Aurélio Tavares, ilustre Director da Escola Industrial e Comercial, e da Escola Preparatória Paio Ramires, é credor de uma gratidão imensa por parte dos penafidelenses.

Não é que nós tenhamos sido até agora ingratos. Se temos silenciado as realizações notáveis adentro da Escola Técnica e a novidade dos cursos aí instituídos, as culpas só cabem a quem deve fornecer as informações respectivas.

Às 11 horas, numa ampla dependência das importantíssimas instalações ainda em construção, procedeu-se a uma sessão solene com toda a Escola presente, presidida pelo ilustre Director, que tinha à sua direita: o Presidente da Câmara; Tenente-coronel Tomás Ferreira; representando as Forças Armadas; Director da Escola Técnica de Vila do Conde, escultor Júlio Carneiro Giraldes; Comandante da Guarda Republicana, tenente Veiga Ferreira: e à esquerda o Reitor do Liceu, Dr. João Tomé; Prof. Joaquim José Mendes, representando a Escola do Magistério; Justino de Carvalho, pela Santa Casa da Misericórdia; Subdelegado de Saúde Dr. Francisco Brandão; e Pároco de Penafiel em nome da Vigararia.  

Falou em primeiro lugar por todos os colegas o aluno Adriano Gomes Lopes. Disse do muito que a Escola deve ao seu Director e fez votos por que Deus continue a abençoar-lhe os passos da vida.

A aluna Maria da Conceição Vale recitou um poema alusivo ao acto, da autoria de Alberto Ferreira da Silva, que terminava por afirmar que «ensinar é mais do que ser pai».

O Pároco de Melhundos e digno Subdirector da Escola Preparatória, ver. Arnaldo Teixeira, que foi verdadeiramente a alma desta Homenagem, fez um longo e bem composto discurso, que só não publicamos na íntegra por falta absoluta de espaço. Sublinhou o imperativo da Justiça a reclamar a presença de tantas pessoas amigas e admiradoras do seu ex.mo Director. Fez um circunstanciado relato histórico da Escola, onde já trabalhava, quando o seu Director tomou posse do lugar que ocupa, de quem apresentou alguns dados biográficos muito interessantes: licenciado em Filologia Românica com altas classificações pela Universidade de Coimbra para cujo corpo docente fora convidado; mais de uma dezena de trabalhos em revistas portuguesas e italianas; indicado por Carolina Michaelis para Leitor de Português na Universidade de Colónia, de que mereceu do Instituto de Alta Cultura esta significativa referência:

»Honrou no estrangeiro o nome do seu País»; antigo Director da Escola de Silves e de outros estabelecimentos oficiais; ele chegou a rejeitar alguns convites para melhor servir a Escola de Penafiel, «ganhando nós um Mestre e um Amigo»; é modelo de espírito familiar; «educar é amar»; atento ao lema de PIO XII; «alguns homens são ainda maus, porque não são suficientemente amados»; de «influência decisiva quanto ignorada na vida da Escola», cuja disciplina é dificílima porque a ambiência discente é muito heterogénea; como director; tem sido «uma força moderadora e de equilíbrio, profundamente impregnado da cultura e das tradições e de virtudes»: franqueza, optimismo, paciência, ideal, compreensão e simpatia, delicadeza, se tudo isto é para os seus alunos, a quem ele quer como filhos».

Citou alguns números bem elucidativos: em 1962-63, ano em que o Dr. Aurélio Tavares entrou como director, tinha a Escola 375 alunos; em 1966-67, 780 alunos; em 1969, é criada a Secção Preparatória para o Instituto Industrial e Curso Geral do Comércio; em 1972, a mesma Secção mas em regime nocturno; no ano corrente, é criado o Curso de Mecanotecnia e Electrotecnia, em correspondência com o sétimo ano dos liceus, para ingresso nas Universidades; actualmente, a Escola conta 1478 alunos, 118 professores e 30 elementos do pessoal auxiliar.

E frisou: «Tudo isto se deve à acção directa do nosso Director», não esquecendo o desvelado interesse da sua Ex.ma Esposa, D. Laurinda, que foi convidada, então, a descerrar a fotografia do seu Marido, a colocar no átrio da Escola.

Falou ainda a Subdirectora Dr.ª D. Gabriela, que justificou a homenagem, afirmando que a auréola que a Escola tem granjeado nas escolas oficiais deve-se ao Director; e que não só alunos como a própria Cidade muito têm lucrado com isso. E terminou, pedindo em nome do Corpo docente e discente ao Director que se dignasse aceitar duas lembranças como «apreço, estima e gratidão».

Estas lembranças, (um carrinho de servir à mesa e um tabuleiro), cujo custo nos parece ter rodado os dez mil escudos, são bem uma prova dos grandes laços de amizade que unem toda a Escola ao seu digníssimo Director.

Este verdadeiramente comovido, começou por agradecer «esta homenagem, não ao homem que pouco vale e não a merece, mas à Escola, que permitiu reunir, ainda no seu começo, o escol da Cidade, e de tantos amigos que tanto prezo», e que vieram de tão longe, como o Director da Escola de Vila do Conde. E mais adiante: «Na emoção deste momento com que nunca sonhei, fixam-se na memória e no meu coração frases tão lindas como as proferidas pelos senhores subdirectores. É que, muitas vezes, só nos agrada aquilo que precisamente, não merecemos».

Depois, passou a ler um discurso, que muito gostaríamos de publicar na íntegra, se tivéssemos conseguido o respectivo texto.

Por último teve lugar num restaurante desta cidade um almoço, em que usaram da palavra: director da Escola de Vila do Conde, representante do Grémio do Comércio, Presidente da Câmara, Representante do Magistério Primário, reitor do Liceu de Penafiel e por fim o homenageado que bastante comovido a todos agradeceu a homenagem de que foi alvo.

No final e pela Escola Industrial e Ciclo Preparatório de Penafiel foi enviado ao Ministro da Educação Nacional um telegrama de cumprimentos.

In jornal “O Tempo” de 23 de Dezembro de 1973 e 6 de Janeiro de 1974




In jornal " O Penafidelense" de 1 de Janeiro de 1974

quarta-feira, 24 de agosto de 2011