quarta-feira, 24 de julho de 2013

O MESTRE E A POESIA



CALVÁRIO 

Poeta e mestre José Luís
Agora que temos um Papa Francisco, mais virado para o povo, talvez o Calvário do poema do nosso amigo mestre José Luís, publicado no jornal Notícias de Penafiel em 1978, seja ouvido por quem pode fazer algo para acabar com a fome neste rectângulo de chão, a que chamamos Portugal.


CALVÁRIO

Sozinho estás Senhor,
Crucificado
Na solidão do Alto do Calvário
E no silêncio da igreja deserta.
.... .... .... .... .... .... .... .... .... ....
Crucificaram-te Senhor!
.... .... .... .... .... .... .... .... .... .... 
O sangue correu na Tua Cruz
E fluiu-se pelo mundo inteiro,
E nesse mundo, a multidão se agita
Se conturba
Se desorienta
Se desvaira.
Rostos ensanguentados
Na linha das fronteiras,
A guerra, o ódio, o crime,
Os corpos destroçados
Na lama das trincheiras.
O mundo é ruído,
O caos, as armas,
A imprensa, a crítica,
A sede, a fome, 
A grande política.

.... .... .... .... .... .... .... .... .... ....
 
Crucificaram-te Senhor!
.... .... .... .... .... .... .... .... .... .... 

José Luís

Aqui podemos rever dois nossos professores:

O José Luís pelo poema, e o Negrão pelo linóleo do desenho do Cristo.