Na Sessão Solene das Comemorações do Cinquentenário da
Escola Industrial de Penafiel
Escola Industrial de Penafiel
JOSÉ LUÍS NA MESA DE HONRA NA SESSÃO SOLENE |
JOSÉ LUÍS USANDO DA PALAVRA |
Que óptimo aproveitar esta oportunidade para em meia-dúzia de palavras testemunhar e agradecer os maravilhosos dez anos vividos em Penafiel.
De facto, posso rotular a década de 60 a 70 do século passado, como um tempo feliz e proveitoso da minha vida. Digo proveitoso, porque foi tempo de ensinar, mas também de aprender.
Pelo ano de 61 soltei-me do aconchego familiar e iniciei a vida de professor, deixando para trás o tempo escolar e oito anos de desenho naval.
Casei e fui pai de uma menina nascida em Penafiel.
E afinal, mesmo sem ter comido pão do pego ou bebido água da fonte do carvalho, afeiçoei-me a esta cidade até aos dias de hoje.
Por motivos imperiosos e profissionais deixei Penafiel no ano de 1971.
Com um cenário feito de horizontes vastos, Penafiel já era por esta época uma região fértil de valores culturais.
Por aqui, também o Homem foi humanizando ao longo dos séculos, pondo em permanente e evolutivo funcionamento o poder criador da sua inteligência e a habilidade natural das suas mãos.
De facto, jamais o Homem desligou o pensamento do movimento. E o Homem de Penafiel não fugiu à regra.
Segundo um estudo de Ângelo Pimentel soube construir desde a Pré-História à História do nosso tempo a chamada «Civilização de Granito» e deixar aos vindouros um Património Natural e Cultural prestigiado e invejável.
Já por meados do Século passado, Penafiel movia-se numa complexidade de actividades culturais riquíssimas e que eu, de muitas, realço as seguintes:
- Escavações arqueológicas.
- O lançamento do Boletim Penafidel.
- A acção dinamizadora da Comissão Municipal de Cultura.
- Publicação da Vida e Obra de inúmeras figuras penafidelenses.
- Publicação do Guia Turismo da Cidade e Concelho.
- O dinamismo da Biblioteca e Museu.
- Concurso das quadras populares sobre a Feira de S. Martinho e a realização desta.
- A Feira de S. Bartolomeu.
- Todo o esplendor da Festa do Corpo de Deus, com a dança dos Ferreiros e o Auto dos Turcos.
- A existência e a força interventiva do Jornal “Notícias de Penafiel”.
- A realização da 1.ª Exposição de Artesanato.
- E do 1.º Festival de Folclore.
É muito bom sabermos, que hoje, esta cidade para além de continuar a preservar e estimar o seu Património, tem realizado grandes actividades evocando grandes nomes da vida cultural Portuguesa. Refiro-me às Escritarias.
Há cinquenta anos, autoridades locais e um povo anónimo, em perfeita simbiose, souberam fecundar e criar a Escola Industrial de Penafiel.
“O Homem juntou-se ao Homem para enfrentar o Tempo”.
Eu tive a honra de ver nascer e crescer esta Escola e embora na altura, não conhecendo bem esta cidade, depressa me apercebi que este nascimento alterava, positivamente, a vida em Penafiel e em todo o Concelho.
Logo pela manhã chegavam dezenas de alunos, uns vindo de longe, e na época (o vir de longe) significava viajarem desde as terras de Lousada, de Freamunde, de Paredes, do Marco de Canaveses, da Lixa, de Amarante e até de Felgueiras.
(O vir de longe) significava ainda para outros, fazerem caminhadas diárias de quase 30 Km, como saírem de Rio de Moinhos ou de Valpedre pela madrugada e chegarem a casa ao fim da tarde.
E a vida em Penafiel entrava em saudável ebulição. Alguns alunos chegavam à Escola em carreiras criadas de propósito, outros, era vê-los alcançarem a parte alta da cidade e, como autênticos peregrinos, atravessarem o verde romântico do Parque do Sameiro. Ainda, outros, os mais felizardos, chegavam à Escola em carros de família.
A Escola, que funcionava na Velha Casa e Quinta do Santuário era quase uma fronteira a dividir o espaço urbano da vida rural.
Deixem-me dizer: Foi um tempo bonito este, de um Outono perfeito e diferente, capaz de inspirar poetas e pintores. Sobretudo, foi um tempo de crescimento, o aluno foi sempre e, naturalmente, colocado no centro das atenções.
Por ele, e à volta dele, a Escola foi-se apetrechando e aperfeiçoando.
O professorado foi-se abrindo à Comunidade, participando na vida sócio-cultural local.
Ensinava-se, nunca dissociando a Educação da Instrução.
Viveu-se a experiência de uma óptima relação entre pais, professores e alunos.
Descobri à dias, via Internet, que alguém escreveu isto de mim: “O Mestre José Luís cultivou a amizade entre as pessoas”. Pois, meus amigos, esta é uma verdade que eu aceito sem qualquer ponta de cerimónia. Mas!... sou eu afinal quem tem de agradecer a muita hospitalidade e amizade desta boa gente de Penafiel.
Nunca esquecerei a simpatia que muitas famílias de alunos me dedicavam, assim como, a amizade e o convívio da tertúlia de amigos de Café e que eu, em tom de brincadeira e em jeito de ficção, comparava a uma autêntica Confraria Gastronómica.
A todos os elementos, que hoje fazem parte activa da Escola, votos de um excelente futuro e muitos parabéns.
Ao seu timoneiro, Dr. Victor Alexandrino, o desejo sincero de uma Escola, que para além de estrutura, seja também local de cultura e onde as gerações dêem as mãos no sonho e no trabalho.
Uma Escola que abra os seus tesouros em missão de humanizar a vida no planeta.
Aos ex- alunos e seus encarregados de educação, aos professores e funcionários que abriram e fizeram esta Escola crescer e amadurecer, um grande e saudosa abraço.
José Luís
8 de Outubro de 2011
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