sexta-feira, 24 de junho de 2011

CORPO DOCENTE 1962 / 1963

Professores: Alice,Hernâni (Director), Arnaldo, Queirós, Beja 
Dr.ª Armanda, Dr.ª Madalena, José Luís e nome desconhecido

Nota: Quem souber o nome da professora  que falta identificar, agradecia que me enviasse através de um comentário, ou para o e-mail fernando_oliveira29@hotmail.com

ESCOLA INDUSTRIAL DE PENAFIEL

MATRÍCULAS - 1962

A matrícula está aberta desde 10 a 20 de Agosto; a partir do dia 20, a matrícula é acrescida de 5$00 por cada dia de atraso.
Os candidatos à isenção de propinas não devem apor qualquer selo no boletim de matrícula e devem adquirir na Escola o impresso para a referida isenção.
São aconselhados os alunos a adquirirem, a partir da sua inscrição, o material escolar essencial, (ou sejam: cadernos diários) com o fim de evitar aglomerações nos primeiros dias de aula.
As taxas previstas para o acto de matrícula têm de ser pagas acto contínuo, mesmo pelos candidatos à isenção de propinas.
In jornal “Notícias de Penafiel” de 3 de Agosto de 1962

EXAMES DE ADMISSÃO DE 1962

NA ESCOLA INDUSTRIAL DE PENAFIEL
Como há um ano a cidade movimentou-se, nestes dias das provas escritas dos exames de admissão na Escola Industrial – este ano houve movimento maior, pois a pauta regista 255 inscritos, número este a superar muito de longe os cálculos mais optimistas.
O Director da Escola prevenindo todas as eventualidades, orientou o serviço, de forma a facilitar a missão de pais e professores, sempre solícitos em acompanhar os pequenos estudantes, agora a iniciar os seus passos escolares de mais responsabilidade.
Às oito horas e trinta minutos de segunda-feira (16 de Julho de 1962), iniciou-se a chamada… os alunos eram encaminhados para as oito salas, onde iam decorrer as provas, neste primeiro dia de Ditado e Redacção.
Os exames de admissão merecem, no entanto, este comentário: dado o número de inscrições é de prever, que no próximo ano estejam inscritas quatro centenas de alunos, número esse impossível de instalar no actual edifício da Escola Industrial.
Muitas possibilidades são de pôr mas, segundo informações colhidas e atendendo às condições da cidade, a melhor solução para a dificuldade enunciada estaria na montagem de pavilhões pré-fabricados, à semelhança do que tem acontecido noutras localidades.
Dadas as qualidades de trabalho do Dr. Hernâni, duma dedicação extraordinária à Escola, é de prever uma solução rápida, de forma a não prejudicar os pequenos estudantes…
Isto – claro está – solução de momento, pois é de encarar imediatamente a construção dum novo edifício.       
Os resultados das provas escritas serão afixados na próxima terça-feira (24 de Julho de 1962), às 14 horas (até ao nº 150), prevendo-se que no dia imediato sejam tornadas públicas as classificações dos restantes alunos.
As provas orais, começam na quinta-feira às 8,30 horas, conforma serviço a afixar.
In jornal ”Notícias de Penafiel” de 20 de Julho de 1962



ESCOLA INDUSTRIAL DE PENAFIEL
RESULTADOS DOS EXAMES DE ADMISSÃO (1962)
Na passada terça-feira, ao princípio da tarde, foram afixados os resultados das provas escritas.
Dos 256 alunos inscritos faltaram dois e foram excluídos da prova oral 19 alunos.
As provas orais iniciaram-se ontem (quinta-feira 26 de Julho de 1962), às 8,30 horas, ao ritmo de 18 alunos por dia, trabalhando, apenas, um júri.
O serviço é afixado diariamente pela Secretaria.
In jornal ”Notícias de Penafiel” de 27 de Julho de 1962

TRABALHOS MANUAIS

NA ESCOLA INDUSTRIAL DE PENAFIEL
Observamos bons trabalhos, executados nas aulas de trabalhos manuais

José Luís, mestre de Trabalhos Manuais, lendo um poema num dos almoços convívios, dos ex - Alunos da Escola Industrial de Penafiel

De quando em vez vamos à Escola Industrial. Interessa-nos observar, um pouco intimamente, o que ali acontece.
Há dias, um feliz acaso levou-nos a observar uma série de trabalhos, executados nas aulas de trabalhos manuais.
Em papel de lustro, cartolina e cartão foram executados – sob a direcção do mestre José Luís – reproduções de paisagens (caso dum adro duma igreja de aldeia), objectos vários um bilhar, um guarda-chuva, etc., etc.
Todos os trabalhos – pelo menos aqueles que nos foram mostrados – revelam uma boa técnica e estão perfeitamente executados…
Gostaríamos que futuramente a Escola Industrial organizasse uma exposição de trabalhos, para mostrar à população da cidade o que ali se faz e como se prepara tecnicamente a juventude de amanhã.
In jornal “Notícias de Penafiel” de 29 de Junho de 1962

UMA REPORTAGEM NA ESCOLA

UMA REPORTAGEM
NA ESCOLA INDUSTRIAL DE PENAFIEL
COM O DIRECTOR HERNÂNI DIAS DA SILVA

AS RELAÇÕES ESCOLA-FAMÍLIA

O director da Escola, no cumprimento, de normas oficiais, tem convocado, por diversas vezes, muitos encarregados de Educação, para que se inteirassem de pormenores da vida escolar dos seus educandos.

Muitos desses encarregados de Educação – porque não estavam habituados a tais convocações (em Penafiel não havia estabelecimentos de ensino oficial), não vieram à Escola e, ainda, outros não vieram porque as convocatórias foram «abafadas» pelos alunos que expiavam a chegada do carteiro…

Mas a verdade das notas do segundo período obrigou muitos daqueles pais e encarregados de educação a encarar as coisas doutra forma.
Desta vez vieram! Nós vimo-los ali, esperando a sua vez para ser ouvidos e ouvirem o director da Escola.

AS VENDAS DE FOLHAS E CADERNOS:
SEUS PREÇOS «OFICIAIS»

A M.P. (Mocidade Portuguesa) nos estabelecimentos de ensino oficial, fornece aos alunos folhas para exercícios, cadernos diários e outro material, a preços baixíssimos (no caso específico: folha de papel para desenho: trinta centavos; folha para exercício: vinte centavos; caderno diário: quatro escudos).

Acontecia que muitos daqueles encarregados de educação ignoravam estes preços… e o que é mais grave mesmo: muitos alunos pediam mais dinheiro para a compra daquele material, do que realmente ele custa…

Mas, mais: pediam para pagamento das propinas oitenta escudos, quando realmente o seu preço é de vinte e cinco escudos…

Aqui cabe a pergunta: de quem é a culpa?

Da Escola? – talvez!
Dos Pais? - Concerteza absoluta!

Porque a estes compete o virem-se informar e acompanhar a vida dos seus, a tomar contacto com a Escola, após as convocatórias que constantemente faz chegar a eles a direcção da Escola…

In “Notícias de Penafiel” de 4 de Maio de 1962


Hernâni Dias da Silva, dando uma aula de português


Preço de algum material escolar, vendido na Escola Industrial de Penafiel no ano 1961/62:

- Folha de papel para desenho cada $30;
- Folha para exercício cada $25;
- Caderno Diário cada 4$00;

O DIRECTOR ESTÁ DOENTE

O DIRECTOR ESTÁ DOENTE



In jornal "Notícias de Penafiel" de 9 de Fevereiro de 1962

terça-feira, 14 de junho de 2011

A DESOBRIGA PASCAL

A DESOBRIGA PASCAL
NA ESCOLA INDUSTRIAL DE PENAFIEL



A desobriga pascal, não é mais nem menos, do que um conceito quaresmal, que consiste em que os católicos confessem os seus pecados, recebam a absolvição dos mesmos e façam o acto de contrição que geralmente consiste numa carrada de Pais-nosso e Avés-Maria.



Assim, antes de partirem para as férias da Páscoa, professores, alunos e alunas, dirigiam-se ao Santuário de Nossa Senhora da Piedade, situado no alto do jardim do Sameiro, para cumprir este preceito a fim de limparem as suas almas perante o Senhor.






Comunhão Pascal realizada no dia 10 de Março de 1964.
Foto enviada pelo Mestre José Luís
 No final, para além da fotografia de família (escolar), na escadaria do santuário, eram distribuídos santinhos com desenhos de autoria dos professores: Escultor Júlio Giraldes, e do Escultor Negrão, alusivos à época quaresmal.

Seguem-se três exemplares destas estampas, para a malta recordar.






A ESCOLA NÃO DISPÕE DE BIBLIOTECA

ESCOLA INDUSTRIAL DE PENAFIEL
NÃO DISPÕE DE BIBLIOTECA

UMA SUGESTÃO

O funcionamento da Escola Industrial abriu novas perspectivas ao panorama intelectual de Panafiel: muitos jovens, integrados assim, num ambiente de muito estudo e mais cultura começam a interessar-se por problemas que deixam de ser as banalidades de todos os dias.
Daí, surgir a ânsia do saber, do conhecer, do informar-se, um pouco para além daquilo que lhe é fornecido nos termos dos programas oficiais.
Por aquilo que sabemos a Escola Industrial não dispõe de biblioteca privativa, nem as suas instalações de emergência podem comportar, para já, aquelas dependências.
No entanto, uma plataforma se nos apresenta viável – a Fundação Calouste Gulbenkian, poderia determinar que uma das suas bibliotecas itinerantes estacionasse, uma ou duas vezes por semana, junto à Escola Industrial, à disposição dos jovens daquele estabelecimento de ensino.
A ideia aí fica, com a certeza de que a Direcção da Escola Industrial, compreenderá o alcance das nossas palavras e exercerá as diligências, no sentido de dar realidade à nossa sugestão.

In jornal “Notícias de Penafiel” de 5 de Janeiro de 1962

Infelizmente esta sugestão nunca foi uma realidade.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

ENTREVISTA COM O DIRECTOR

ESCOLA INDUSTRIAL DE PENAFIEL
ENTREVISTA COM O DIRECTOR
Análise das notas do 2º período 
Abril de 1962
Acabou o segundo período escolar, decisivo quanto ao aproveitamento dos alunos dos estabelecimentos de ensino oficial. Na Escola Industrial de Penafiel, foram afixadas as pautas com as notas deste segundo período, a definir quais os alunos com impossibilidades de vencer o ano e, como tal a rotular o seu aproveitamento deficiente.
As notas trouxeram para muitos a certeza dum critério exacto de classificação – a que se não estava habituado – mas, parece que houve um abaixamento de nível nessas classificações, em relação ao período anterior.
Este e outros assuntos merecem uma troca de impressões com o Senhor Dr. Hernâni, como sempre simpatiquíssimo para connosco. Dessa troca de impressões nasceram algumas perguntas e respostas, de que damos conta aos nossos leitores.



De pé: Luisa, Isilda Barbosa, Irene, Mariita Araújo, Alzira, Dr. Rotes, Augusta Bravo, Dr.ª Amélia Rotes, Laura Gonçalves, Eugénia, Isabelinha, Arminda Aguiar, Lucinda, Margarida Pinto, Alexandra e Sofia.
Sentadas: Antonieta e Mariazinha.
  
- Teria havido, nas notas deste segundo período um abaixamento de nível?
Não se pode dizer tal, mas sim que houve um abaixamento das condições morais em que vivem os alunos. Nota-se que nas turmas femininas a média geral é mais elevada: é que enquanto estas são retidas tanto quanto possível na escola, os rapazes vão-se para jogar a pedra, para vadiagem de vária espécie, enquanto não vem a camioneta, vão para tabernas enquanto não há cantina. Por outro lado há o factor familiar os pais controlam a vida das raparigas, enquanto se desinteressam pela dos rapazes – e, o que é pior – sendo convocados para comparecerem na Escola, não se dignam comparecer.
Durante todo o 2º período, apenas 3 encarregados de educação vieram procurar saber algo de seus educandos. Mais e mais grave: são anotados os cadernos diários para que os encarregados de educação tomem conhecimento, são enviados cartões de aviso sobre as faltas, e … só um apareceu! A Escola não pode fazer tudo; é preciso que as famílias colaborem. A própria disciplina se recente: a quantidade de material deteriorado pelos alunos – não pelas alunas – é enorme (a falta de pessoal menor é em parte responsável), e, neste caminhar, as suspensões têm que aumentar. Mas veja-se: convoca-se o encarregado de educação uma e duas vezes para dar cumprimento à lei, e este não aparece.
Que fazer?
O que se está verificando obriga-nos a atitudes mais rígidas nos próximos exames de admissão, mormente no que diz respeito ao Português e à Matemática. De resto, nota-se a capacidade de apreensão dos alunos, um nível médio de inteligência razoável, mas sim também o desinteresse após as aulas. É caso gravíssimo; houve um encarregado de educação que resolveu castigar o filho não sei porque motivo, ou impedindo-o de vir às aulas ou escondendo-lhe os livros e os cadernos. É com colaboração desta que se pode construir?! Esperamos que muitos destes males se remedeiem no próximo ano escolar, apesar de poder acontecer que indivíduos ou instituições não oficiais teimem em desprestigiar a Escola. Temos uma missão múltipla a cumprir que nos foi confiada pelo Estado: preparar cidadãos úteis à Pátria, sem subterfúgios, sem adesões a mesquinhices de carácter local – aliás existem infelizmente em todos os meios mais ou menos pequenos.
- E, quanto a transportes? Haverá possibilidades de alargar a rede, de forma a servir os alunos?
Alguém do Ministério das Comunicações veio visitar-nos – e com muita satisfação o declaro: não só os problemas foram muito bem compreendidos, como foi aceite sem reservas a ligação com Lousada via Novelas; e a grande esperança, em via de solução, de uma outra carreira que trará à Escola centenas de alunos! Se interesses particulares não se opuseram à boa vontade das Autoridades da Nação, quase poderemos afirmar que esta nova carreira fará que a Escola, dentro de três ou quatro anos venha a ter mais de 600 alunos. Compreenderão o comércio, as forças vivas de Penafiel, o que representa isto?
- Como encara a Direcção da Escola a afluência de alunos prevista para o próximo ano lectivo?
Teremos de arranjar uma solução de emergência que depende de três boas-vontades: a do nosso ministério, fornecendo algumas salas desmontáveis, o da Misericórdia cedendo uns metros quadrados de terreno sem grande prejuízo para a vinha que o ocupa, e da Câmara, se esta conseguir meio de construir um pavilhão em tijolos aparelhados interiormente e com cobertura de zinco ou fibrocimento. De qualquer forma há que solucionar o problema, pois que as estimativas prevêem um acréscimo de algumas centenas de alunos!
Para muitos dos nossos leitores esta troca de impressões fica como que a servir de informação, quanto à maneira como a Direcção da Escola encara a «assistência familiar» aos seus alunos. É preciso completar a acção da Escola e esse complemento pertence aos Encarregados de Educação. Será desse esforço comum que valorizaremos o homem de amanhã.
In  jornal “Noticias de Penafiel” de 20 de Abril de 1962

CURSO DE FORMAÇÃO FEMININA

CURSO DE FORMAÇÃO FEMININA
Mal terminaram os primeiros Exames de Admissão, na Escola Industrial de Penafiel, um grupo de encarregados de educação pressionou, quer através da imprensa local, quer através do Director deste estabelecimento de ensino Dr. Hernâni Dias da Silva e do Presidente da Câmara de Penafiel, Dr. Francisco da Silva Mendes, para o Ministro da Educação Nacional Dr. Francisco de Paula Leite Pinto, autorizar o arranque do Curso de Formação Feminina, no início do ano lectivo, ou seja, a 9 de Outubro de 1961.
Apesar de todo o esforço e empenho, o Curso de Formação Feminina, apenas viria a ser leccionado na Escola Industrial de Penafiel, no ano escolar de 1963 / 1964, em virtude dos alunos inscritos não ser o suficiente (30) para o seu arranque nos anos de 1961 e 1962, pelo que, toda esta luta foi inglória.

Só depois de ter sido verificado se esse número justifica a criação do curso é que é feita a respectiva exposição ao Sr. Ministro da Educação Nacional.
Dada a urgência que há em ser feita aquela exposição é da maior conveniência que o mais depressa possível todas as interessadas passem pela Secretaria da Escola, a funcionar na Câmara Municipal.
Por informações colhidas – rigorosamente em última hora – sabemos que já se dirigiram à Secretaria da Escola cerca de uma dezena de interessadas.
In jornal “Notícias de Penafiel” de 21 de Julho de 1961

FOI PEDIDO AO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO NACIONAL
A CRIAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO FEMININA

Em ofício dirigido ao Sr. Ministro da Educação Nacional e por iniciativa do Sr. Dr. Hernâni – que já foi nomeado Director da Escola Industrial – foi pedida a criação do Curso de Formação Feminina.
Aguarda-se, agora, uma resposta, continuando aberta a inscrição para os alunos que desejem vir a frequentar aquele curso.
Entretanto, a vinda a Penafiel dum senhor inspector do Ensino Técnico, como se anuncia nesta edição, parece querer confirmar o interesse dos responsáveis pela criação daquele curso.
Entretanto estão inscritas 20 alunas, para aquele curso, prevendo-se, ainda, a inscrição de mais, dado que há, nos concelhos vizinhos, o maior interesse pelo seu funcionamento.
In jornal “Notícias de Penafiel de 28 de Julho de 1961

In jornal “Notícias de Penafiel” de 4 de Agosto de 1961

MATRÍCULAS
O número de inscrições para o primeiro ano do Ciclo Preparatório ultrapassou uma centena. Para o Curso de Formação Feminina a inscrição provisória atingiu quase que o número desejado.
O Senhor Presidente da Câmara, acompanhado do sr. Dr. Hernâni Dias da Silva irá, nos primeiros dias do próximo mês a Lisboa, para tratar junto do Ministério da Educação Nacional da criação de novos cursos de Formação na Escola Industrial de Penafiel.
In jornal “Notícias de Penafiel” de 25 de Agosto de 1961


In jornal “Notícias de Penafiel” de 22 Setembro de 1961

A JUNTA NACIONAL DE EDUCAÇÃO DEU PARECER NEGATIVO PARA A CRIAÇÃO DAQUELE CURSO
No próximo ano lectivo (1961 / 1962), não funcionará, o curso de Formação Feminina, na Escola Industrial de Penafiel – e, ao que sabemos essa informação foi fornecida por via particular.
Depois, através da Câmara Municipal, tivemos a confirmação oficial, com a certeza do parecer desfavorável da Junta Nacional de Educação.
Não se compreende muito bem que a criação dum curso que não trazia aumento de despesa – o edifício fica com salas de aula suficientes e os professores têm tempo para poder leccionar as disciplinas daquele curso – não fosse um facto …
Agora – muito tarde, quase no fim das férias as crianças terão que se matricular noutros estabelecimentos de ensino, com multa e outras despesas.
E, no meio destas coisas todas, lamenta-se a Imprensa – desde a primeira hora ao lado dos que se esforçaram pela criação do curso – tenha sido esquecida e não tenha recebido qualquer informação, através da Secretaria da Escola Técnica.
In jornal “Notícias de Penafiel” de 29 Setembro de 1961


O Senhor Director, cheio de muito boa vontade, contou-nos as diligências efectuadas, junto da Direcção Geral do Ensino Técnico, para a criação do Curso de Formação Feminina.
Soubemos assim, que o Sr. Dr. Hernâni é de opinião que as despesas com que seria onerado o orçamento da Escola, com a criação do curso, são infinitamente pequenas, em comparação com as vantagens evidentes que aquele curso traria para a juventude de Penafiel.
Igualmente soubemos, que nesse mesmo dia o Sr. Presidente da Câmara teve uma demorada entrevista com o Sr. Dr. Hernâni.

O DIRECTOR DA ESCOLA EM LISBOA
Entretanto, o Sr. Dr. Hernâni foi a Lisboa, na passada terça-feira, onde com o Sr. Director Geral do Ensino Técnico se ocupou de vários assuntos relacionados com a Escola Industrial de Penafiel, mormente o curso de Formação Feminina.
Nesse mesmo dia, no Ministério da Educação Nacional e dirigidos a Sua Excelência, o Ministro, foram recebidos vários telegramas, todos eles pedindo, ainda no corrente ano lectivo, a criação do Curso de Formação Feminina.
Assinavam esses telegramas:
Presidente do Grémio do Comércio; Direcção do Grémio da Lavoura; Presidente da Câmara Municipal; Direcção da Associação de Bombeiros de Penafiel; D. Maria Tereza de Vasconcelos, Directora da Casa da Sagrada Família; Presidente da Junta de Freguesia de Penafiel; Presidente da Direcção do Sindicato dos Caixeiros; Alberto Pinto & Filhos; Futebol Clube de Penafiel; Albano & Miguel; Garagem Central de Penafiel Lda; Empresa de Transportes Auto – Penafiel Lda e Notícias de Penafiel.
Numa palavra, Penafiel, através dos seus mais ilustres representantes, pedia ao Sr. Ministro a criação do Curso de Formação Feminino.

AS ALUNAS INSCRITAS PROVISORIAMENTE TELEGRAFARAM AO SENHOR MINISTRO
Soubemos, igualmente que uma grande parte das alunas inscritas provisoriamente telegrafaram ao Senhor Ministro da Educação Nacional, pedindo a criação do curso.
Estamos convictos de que este telegrama deve ter calado bem fundo no espírito e na sensibilidade do Senhor Ministro.
Foram aquelas jovens que cheias do seu espírito e do seu querer pediram a Sua Excelência aquilo que bem pode ser a maior alegria da sua vida …
Até elas! … 
In jornal “Notícias de Penafiel de 13 de Outubro de 1961


ENTREVISTA COM O DIRECTOR
O Sr. Dr. Hernâni Dias da Silva confiou amavelmente as sua impressões, ao questionário que lhe pusemos e, onde procuramos esclarecer a opinião pública, de forma a que todos saibam a verdade e servindo-se dela possam colaborar connosco.
Eis as perguntas e respostas:
- Que há o propósito de equipamento?
- Lentamente vêm chegando coisas: Já cerca de 100 carteiras, hoje os quadros pretos; aguarda-se os estiradores e as bancas. As fábricas assoberbadas pela quantidade de trabalho, não podem satisfazer todas as Escolas a um tempo e elas são … cerca de 120, pois muitas das antigas estão recebendo material novo.

- Quanto, aos novos cursos?
- O de Formação Feminina deve funcionar no próximo ano lectivo, mas, por muito que a alguns pese, ele funcionará, sem dúvida alguma, dentro de dois anos. Entretanto, aguarda-se o parecer da Junta Nacional sobre os cursos Agrícolas. Foi estabelecida uma plataforma, para uma solução provisória: o curso agrícola funcionará em regime de externato até a liquidação do problema dos terrenos, e então seriam construídos os pavilhões de internato. É este, pelo menos, o plano do Inspector Sr. Eng.º Mário de Alegria.
- Insistimos na Formação Feminina, não haverá possibilidades este ano?
- As autoridades superiores tomaram em boa conta a representação feita, mas não podem anular dentro do mesmo ano escolar um despacho do Ministério. Temos que aguardar o próximo ano. No entanto, entendo que o movimento em prol deve ser mantido e sempre com o mesmo vigor.

- As aulas estão em plena elaboração?
- Sim e não … compreende-se que sem material adequado, as aulas têm de se revestir de aspectos teóricos. Mas é uma situação que pode durar uns dois a três meses. De resto, é  melhor começar assim, do que as não começar. E, mais: não é caso único, o de uma Escola começar a funcionar em Janeiro. Não nos podemos sobrepor às realidades …
- E, a propósito da Cantina?
- Estamos a legalizar a situação perante a M.P. e a M.P.F.. Aguardámos pois um subsídio. Com ele esperámos não só alimentar a baixo preço os alunos, como até equipá-los com livros (os mais pobres dentre eles). No entanto, este ano a coisa será difícil, uma vez que o fundo de camaradagem só agora vai ser criado e … obviamente  não há qualquer saldo. O fornecimento exclusivo dos cadernos diários, a baixo preço aliviará, talvez, um pouco esta ausência de fundos que, de forma alguma, podem sair da verba de instalação.

- Os alunos queixam-se de terem pouco tempo para o almoço?
- E têm razão. Mas não podemos com quatro salas de aulas teóricas e uma só de desenho, fazer um intervalo de duas horas, começando às nove e acabando à hora de partida das camionetas!
Haverá alguém que o possa fazer? O primeiro ano é de sacrifícios para todos, alunos, professores, etc.. É preciso paciência, que tudo virá a seu tempo.

- Tem a Escola já todo o pessoal?
- Há que distinguir vários tipos de pessoal: docente, administrativo e menor.
No primeiro caso, além do Director e do Professor efectivo do 1º grupo, há os provisórios, enviados pela Direcção Geral, nos termos do concurso público. Faltava, ainda, preencher o lugar de Mestre de Trabalhos Manuais, para o que se estão fazendo diligências junto de quem de direito.
Quanto ao pessoal administrativo, além de uma escriturária de 2ª classe, ninguém mais existe, a não ser o funcionário da Escola Soares dos Reis, em comissão de serviço por alguns dias.
A respeito de pessoal menor – ninguém … embora se aguarde a nomeação de um contínuo de 1ª classe.

- A que se deve a falta de pessoal?
- Nesta época do ano os serviços são incalculáveis completos e as instalações da Direcção Geral, de tal modo exíguas que necessariamente os serviços sofrem atrasos.
Nestas afirmações do Sr. Dr. Hernâni – a perguntas nossas, feitas duma maneira inédita  está toda a verdade …
Ao Sr. Dr. Hernâni um muito obrigado, pela forma agradável e simpática como tem colaborado connosco. Bem-haja.
In jornal “Notícias de Penafiel” de 20 de Outubro de 1961


ALUNAS DO 1º CICLO LICEAL INTERESSADAS
NO CURSO DE FORMAÇÂO FEMININA
ESCOLA TÉCNICA DE PENAFIEL

Tendo chegado ao nosso conhecimento que pessoas interessadas no Curso de Formação Feminina pensam não poderem fazer a sua inscrição após o 1º Ciclo Liceal, informamos de que segundo os termos da lei tal facto é absolutamente possível, mediante um leve exame de transição, compreendendo as disciplinas de Desenho e Trabalhos Manuais.
As informações concretas devem ser obtidas na Secretaria da Escola e da Câmara, unicamente.
O Director da Escola

In jornal “Notícias de Penafiel” de Fevereiro de 1962

CURSO DE FORMAÇÃO FEMININA
Decorrem já as matrículas na Escola Industrial e não se vislumbra qualquer movimento no sentido de pedir superiormente a criação imediata do Curso de Formação Feminina.
Há muitas alunas que completaram, agora, o primeiro ciclo liceal e estão em boas condições de ingressarem num curso que lhes permite acesso às Escolas do Magistério Primário.
Aliás, o que se pretende para Penafiel está dentro do que já aconteceu em Matosinhos e em Ovar.
Mas, ao contrário do que por aí se diz o Curso de Formação Feminina funcionará em Outubro de 1963. Assim o diz a letra do decreto-Lei 43 401, de 15 de Dezembro de 1960 que criou a Escola Industrial de Penafiel.
In jornal “Notícias de Penafiel” de 10 de Agosto de 1962



sábado, 11 de junho de 2011

POEMA A PENAFIEL

POEMA A PENAFIEL
DA AUTORIA DO MESTRE JOSÉ LUÍS



O Mestre José Luís, além de cultivar a sua amizade entre nós, deixou um espólio poético na imprensa local, marcando desta forma a sua passagem por Penafiel.

O PROBLEMA DOS TRANSPORTES

ESCOLA INDUSTRIAL DE PENAFIEL
O PROBLEMA DOS TRANSPORTES

Há freguesias do concelho de Penafiel que distam 15Kms. da cidade; outras localidades que distam 20 e mais Klms, e concerteza que de todos esses locais virão alunos.

Felizmente que todas as freguesias do concelho e as localidades circunvizinhas estão ligadas por excelentes estradas a esta cidade e isso equivale a dizer que há possibilidades de se conseguir meios de transporte.

Os industriais de camionagem que exploram as concessões nesta área deviam tentar uma revisão de horários, de maneira a servir os pequenos estudantes e principalmente os pais.

Bem sabemos as demoras destas modificações na respectiva repartição e, daí, termos sugerido este assunto com evidente antecedência.

Poder-se-á fazer qualquer coisa?

A resposta pertence aos senhores industriais de camionagem, mas parece-nos que essa mudança de horários lhes traz vantagens.

In Jornal “Notícias de Penafiel” de 21 de Julho de 1961


OS INDUSTRIAIS DE CAMIONAGEM
RESPONDERAM AO NOSSO APELO

A campanha aqui levantada, quanto aos transportes colectivos, de molde a servir, de forma conveniente, os alunos da Escola Industrial está já em marcha – uma Empresa acaba de requerer autorização para a carreira: Penafiel – Lagoas – Ribas – Lousada e volta.

Dado o traçado desta carreira e se for com horários convenientes estamos convictos que irá beneficiar grandemente os alunos daquele estabelecimento de ensino.

Igualmente, sabemos que há uma outra Empresa interessada em estabelecer novas carreiras confluentes para Penafiel.

Aguardemos o que possa vir a acontecer, mas uma coisa é certa: A nossa campanha está a despertar o maior interesse.

In Jornal “Notícias de Penafiel” de 28 de Julho de 1961



O PROBLEMA DOS TRANSPORTES

Referimos, em edição anterior, a acção desenvolvida pelos Industriais de Camionagem, quanto a carreiras e horários de maneira a servir os futuros alunos da Escola Industrial de Penafiel.

Temos entre mãos, a preparação dum artigo, no qual iremos sugerir mudanças nos horários existentes, novas carreiras e outras modificações.

Entretanto – e em complemento do que dissemos – a Empresa de Transportes Auto-Penafiel, L.ª, requereu a seguinte carreira:

Partida de Penafiel (cidade) às 7,45 com passagem por Penafiel (estação), Sequeiros, Lagoas, Ribas, Lousada, Lagoas, Sequeiros, Penafiel (estação), e Penafiel (cidade), chegada às 8,47.

De tarde, partindo às 17,15 e pelo mesmo itinerário fará o regresso a esta cidade às 18,17 horas.

Esta carreira será diária à excepção de Domingos e Feriados Nacionais.

In jornal “Notícias de Penafiel” de 4 de Agosto de 1961



O CASO DOS TRANSPORTES
PARA A ESCOLA INDUSTRIAL

O inverno chegou e as crianças de longe estão praticamente privadas de qualquer meio de transporte, sendo forçadas a fazê-lo a pé.

Ora, sabemos que uma Empresa desta cidade requereu em 15 de Julho do ano corrente uma circulação – Penafiel, Lousada, Penafiel – e até à presente data, não se sabe se foi ou não concedida.

Atendendo a que se trata de beneficiar muitos alunos da nossa Escola Industrial e ainda porque muitos pais nos têm procurado para nos fazermos eco desta petição, daqui apelamos para a Direcção Geral dos Transportes Terrestres para que este caso seja resolvido com a brevidade necessária.

No entanto, aguardemos…

In Jornal “ Notícias de Penafiel” de 27 de Outubro de 1961


TRANSPORTES PARA A ESCOLA INDUSTRIAL

Sabemos que o pedido para a concessão da carreira Penafiel – Lousada – Penafiel, com horários convenientes para servir os numerosos alunos da Escola Industrial, chegou ao extremo de todas as diligências burocráticas, que é costume efectuar em casos semelhantes. Aguarda-se, apenas, a resolução da entidade que irá decidir, em definitivo, o pedido que a Empresa formulou em 15 de Julho próximo passado.

Entretanto, o ano lectivo começou, os rigores do inverno já se fizeram sentir e os muitos alunos de Lousada e arredores vêem, diariamente, às aulas na Escola Industrial, em precárias condições de transporte.

E por quanto tempo? …

In jornal “Notícias de Penafiel” de 17 de Novembro de 1961



AINDA
OS TRANSPORTES PARA A ESCOLA INDUSTRIAL

Os alunos da Escola Industrial, desde o princípio do ano, privados duma boa rede de transportes colectivos, são enormemente prejudicados com o stato quo das coisas.

Pelas estradas que convergem a Penafiel, principalmente pela estrada que segue para Lousada é vulgar ver-se rapazes, solicitando boleia…

E tudo isto acontece porque a Direcção Geral dos Transportes Terrestres não dá deferimento à pretensão duma Empresa de camionagem da cidade que, oportunamente requereu uma carreira de Penafiel a Lousada (circulação).

O inverno – agora mais rigoroso do que nunca – prejudica aqueles rapazes que andam quase duas dezenas de quilómetros a pé para vir às aulas.

Uma vez mais, voltamos ao assunto, com aquela gravidade de que se reveste, na certeza do deferimento imediato da pretensão daquela empresa.

As coisas como estão vão contra tudo o que há de admirável e, francamente, contámos com uma solução imediata.

É bárbaro o que acontece àqueles pequenos estudantes.

In jornal “Notícias de Penafiel” de 22 de Dezembro de 1961


In jornal “Notícias de Penafiel” de 17 Fevereiro de 1962



A CARREIRA PENAFIEL - LOUSADA - PENAFIEL 
FOI AUTORIZADA

A criação da carreira Penafiel – Lousada – Penafiel, recentemente autorizada é da maior utilidade para os alunos da Escola Industrial, pelas facilidades de transportes que lhes possibilita.

Entretanto, outros trajectos, donde igualmente vêm muitos estudantes da Escola Industrial continuam sem transportes convenientes.

Ao critério, dos concessionários deixamos esta sugestão, na certeza de lhes merecer algum estudo e, consequente, interesse.

In jornal “Notícias de Penafiel” de 16 de Março de 1962





ESCOLA INDUSTRIAL DE PENAFIEL
ALUNO QUE VINHA A PÉ
DE RIO DE MOINHOS PARA A ESCOLA

NOTA
SENHORES!... LEIAM…

As três distinções de justiça que os juristas costumam fazer, nem sempre, na prática, possuem a sua integração e completa actuação.

Não é um protesto contra o progresso e directrizes da sociedade hodierna. É a simples e verídica exposição de uma imanente e imorredoira verdade. Nada de metafísicas. Algo de concreto.

Todas as nossas acções concorrem, directa ou indirectamente, para bem ou mal daqueles que nos rodeiam. A culpa tem sido nossa. Calamos e não dizemos a verdade. Desculpem, amigos leitores. Todos sabem que a juventude contemporânea tem sede de saber. É a base da lei natural.

Possibilidades?... Nem sempre os sorteados, materialmente, são os mais capazes. Nem todos aproveitam ou sabem aproveitar os dons que a pródiga natureza lhes forneceu. Eis um caso ao qual espero perfeita adesão dos penafidelenses. É o seguinte:

Entre os alunos que frequentam a Escola Industrial de Penafiel há um – de Rio de Moinhos – que, por não ter possibilidades materiais de vir na caminheta, faz a pé, por dia, quase 30Kms. Não seria caso para admirar se tal cansaço, esgotamento cerebral e estado neurótico se fizesse sentir nos estudos dessa criança!...

Que obra mais humana e cristã?! … Oxalá que este apelo encontre eco! Desde já os nossos profundos agradecimentos para essas almas boas e generosas que um dia, não sei quando, possam dizer: «se fulano ocupa lugar de destaque na sociedade é devido à minha colaboração».
F.E.
In “Notícias de Penafiel de 16 de Abril de 1965


E os Senhores leram e compreenderam.

Aquele rapazinho que vem de Rio de Moinhos a pé para a Escola Industrial, vai passar a vir na camioneta.

Graças à «Nota» inserta no nosso número passado, os Senhores leram e compreenderam.

Isso enche-nos de satisfação na medida em que temos o grato dever de informar os nossos leitores de que o pobre rapazinho de Rio de Moinhos, aluno do 2º ano da Escola Industrial desta cidade vai deixar de percorrer a pé a distância de cerca de trinta quilómetros diários.

Não se fez esperar muito a satisfação do pedido feito pelo Sr. F.E. na «Nota» acima referida, porquanto, no mesmo dia da saída do Jornal fomos procurados pelo Sr. Justino Ribeiro de Carvalho, Presidenta da Comissão Municipal de Assistência, para que o informássemos qual era o rapazinho para o auxiliar.

O Senhor Doutor Aurélio Tavares, Director da Escola, deu-nos os esclarecimentos necessários e que nós transmitimos ao Sr. Justino Ribeiro de Carvalho que prontamente nos garantiu estar o assunto resolvido.

Senhores!... Leiam…
E os Senhores leram e compreenderam.
  1. Silveira

In “Notícias de Penafiel” de 23 de Abril de 1965