quarta-feira, 19 de outubro de 2011

DISCURSO DO PROFESSOR JOSÉ LUÍS

Na Sessão Solene das Comemorações do Cinquentenário da
Escola Industrial de Penafiel
JOSÉ LUÍS NA MESA DE HONRA NA SESSÃO SOLENE

JOSÉ LUÍS USANDO DA PALAVRA

Que óptimo aproveitar esta oportunidade para em meia-dúzia de palavras testemunhar e agradecer os maravilhosos dez anos vividos em Penafiel.

De facto, posso rotular a década de 60 a 70 do século passado, como um tempo feliz e proveitoso da minha vida. Digo proveitoso, porque foi tempo de ensinar, mas também de aprender.

Pelo ano de 61 soltei-me do aconchego familiar e iniciei a vida de professor, deixando para trás o tempo escolar e oito anos de desenho naval.

Casei e fui pai de uma menina nascida em Penafiel.

E afinal, mesmo sem ter comido pão do pego ou bebido água da fonte do carvalho, afeiçoei-me a esta cidade até aos dias de hoje.

Por motivos imperiosos e profissionais deixei Penafiel no ano de 1971.

Com um cenário feito de horizontes vastos, Penafiel já era por esta época uma região fértil de valores culturais.

Por aqui, também o Homem foi humanizando ao longo dos séculos, pondo em permanente e evolutivo funcionamento o poder criador da sua inteligência e a habilidade natural das suas mãos.

De facto, jamais o Homem desligou o pensamento do movimento. E o Homem de Penafiel não fugiu à regra.

Segundo um estudo de Ângelo Pimentel soube construir desde a Pré-História à História do nosso tempo a chamada «Civilização de Granito» e deixar aos vindouros um Património Natural e Cultural prestigiado e invejável.

Já por meados do Século passado, Penafiel movia-se numa complexidade de actividades culturais riquíssimas e que eu, de muitas, realço as seguintes:
- Escavações arqueológicas.
- O lançamento do Boletim Penafidel.
- A acção dinamizadora da Comissão Municipal de Cultura.
- Publicação da Vida e Obra de inúmeras figuras penafidelenses.
- Publicação do Guia Turismo da Cidade e Concelho.
- O dinamismo da Biblioteca e Museu.
- Concurso das quadras populares sobre a Feira de S. Martinho e a realização desta.
- A Feira de S. Bartolomeu.
- Todo o esplendor da Festa do Corpo de Deus, com a dança dos Ferreiros e o Auto dos Turcos.
- A existência e a força interventiva do Jornal “Notícias de Penafiel”.
- A realização da 1.ª Exposição de Artesanato.
- E do 1.º Festival de Folclore.

É muito bom sabermos, que hoje, esta cidade para além de continuar a preservar e estimar o seu Património, tem realizado grandes actividades evocando grandes nomes da vida cultural Portuguesa. Refiro-me às Escritarias.

Há cinquenta anos, autoridades locais e um povo anónimo, em perfeita simbiose, souberam fecundar e criar a Escola Industrial de Penafiel.

“O Homem juntou-se ao Homem para enfrentar o Tempo”.

Eu tive a honra de ver nascer e crescer esta Escola e embora na altura, não conhecendo bem esta cidade, depressa me apercebi que este nascimento alterava, positivamente, a vida em Penafiel e em todo o Concelho.

Logo pela manhã chegavam dezenas de alunos, uns vindo de longe, e na época (o vir de longe) significava viajarem desde as terras de Lousada, de Freamunde, de Paredes, do Marco de Canaveses, da Lixa, de Amarante e até de Felgueiras.

(O vir de longe) significava ainda para outros, fazerem caminhadas diárias de quase 30 Km, como saírem de Rio de Moinhos ou de Valpedre pela madrugada e chegarem a casa ao fim da tarde.

E a vida em Penafiel entrava em saudável ebulição. Alguns alunos chegavam à Escola em carreiras criadas de propósito, outros, era vê-los alcançarem a parte alta da cidade e, como autênticos peregrinos, atravessarem o verde romântico do Parque do Sameiro. Ainda, outros, os mais felizardos, chegavam à Escola em carros de família.

A Escola, que funcionava na Velha Casa e Quinta do Santuário era quase uma fronteira a dividir o espaço urbano da vida rural.

Deixem-me dizer: Foi um tempo bonito este, de um Outono perfeito e diferente, capaz de inspirar poetas e pintores. Sobretudo, foi um tempo de crescimento, o aluno foi sempre e, naturalmente, colocado no centro das atenções.

Por ele, e à volta dele, a Escola foi-se apetrechando e aperfeiçoando.

O professorado foi-se abrindo à Comunidade, participando na vida sócio-cultural local.
Ensinava-se, nunca dissociando a Educação da Instrução.

Viveu-se a experiência de uma óptima relação entre pais, professores e alunos.

Descobri à dias, via Internet, que alguém escreveu isto de mim: “O Mestre José Luís cultivou a amizade entre as pessoas”. Pois, meus amigos, esta é uma verdade que eu aceito sem qualquer ponta de cerimónia. Mas!... sou eu afinal quem tem de agradecer  a muita hospitalidade e amizade desta boa gente de Penafiel.

Nunca esquecerei a simpatia que muitas famílias de alunos me dedicavam, assim como, a amizade e o convívio da tertúlia de amigos de Café e que eu, em tom de brincadeira e em jeito de ficção, comparava a uma autêntica Confraria Gastronómica.

A todos os elementos, que hoje fazem parte activa da Escola, votos de um excelente futuro e muitos parabéns.

Ao seu timoneiro, Dr. Victor Alexandrino, o desejo sincero de uma Escola, que para além de estrutura, seja também local de cultura e onde as gerações dêem as mãos no sonho e no trabalho.

Uma Escola que abra os seus tesouros em missão de humanizar a vida no planeta.

Aos ex- alunos e seus encarregados de educação, aos professores e funcionários que abriram e fizeram esta Escola crescer e amadurecer, um grande e saudosa abraço.

José Luís
8 de Outubro de 2011

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