sábado, 13 de agosto de 2011

O NATAL

SECÇÃO CULTURAL DA ESCOLA TÉCNICA
O NATAL
O Presépio
Poucos dias nos separam do Natal. Tudo, nas ruas, nos grita esta aproximação. As montras, o velhinho da longa barba, as iluminações. Cada um pergunta a si mesmo, enumerando aqueles a quem deseja presentear: «O que vou eu oferecer-lhe?».
É o momento em que toda a gente corre as montras duma ponta à outra, na esperança de descobrir, modesto ou rico, segundo os meios de que se dispõe, o objecto inesperado ou ardentemente desejado, que encantará aqueles a quem se envia.
Pequenos e grandes, pertencendo a um ou outro sexo, andam numa roda-viva, vão e vêm, chocam-se, carregados de embrulhos multicores, com formas e dimensões variadas.
Tanto os que vendem, como os que compram, sentem-se invadidos pela fadiga. Depois tudo se normaliza. O dia, a hora, tão desejada, está prestes. Respira-se finalmente. A atmosfera desanuvia-se. Em cada lar, vai-se aprontando o necessário. Preparam-se as rabanadas, bolo-rei, a aletria, os formigos, as filhós.
Onde há crianças, o ambiente sofre mais influência da época que se aproxima. Em geral, todos tentam melhor ou pior, amar o presépio com as suas figurinhas e arranjar a árvore de Natal, num canto da sala, guarnecida de bolas rutilantes.
Por fim surge a noite tão ambicionada, tão desejada, para todos, mas em especial para as crianças. Como tradição dos nossos antepassados comem-se as saborosas batatas cozidas. Após o jantar, a família, forma um círculo à volta da lareira. Como distracção, conversam animadamente, jogam ou por vezes apreciam a tagarelice das crianças, em que os seus olhitos bulham mais e os sonhos voam muito mais alto.
A meia-noite vem-se aproximando. Como uso antigo, celebra-se uma missa, que tem por nome, «Missa do Galo» e que várias famílias compartilham. Surge o dia, é para nós uma satisfação, contemplar o horizonte que se depara em nossos olhos; as crianças vestidas de roupas novas e brinquedos nas mãos, conversam uns para os outros, em viva alegria, sobre os presentes que o Menino Jesus lhes trouxe. Oh! Natal é a quadra festiva mais linda, que todos os anos, a humanidade atravessa. Festa em especial das crianças.

Maria Cândida
In jornal "O Tempo" de 4 de Janeiro de 1970

Sem comentários:

Enviar um comentário