quarta-feira, 13 de julho de 2011

EXPOSIÇÃO DE TRABALHOS - 1965

Escola Industrial de Penafiel
17 de Julho de 1965
Exposição de trabalhos executados pelos alunos

A convite do Director da Escola Industrial de Penafiel, sr. Dr. Aurélio Tavares, mais uma vez se pode aquilatar do valor daquele estabelecimento de ensino, tantas vezes pedido e que se tornou uma realidade, graças à compreensão e desejos de um maior aperfeiçoamento técnico do País, por parte do Governo da Nação.

Em cinco pavilhões estão expostos os trabalhos executados pelos alunos da Escola e alguns deles de requintado bom gosto e arte, o valor do ensino num meio como o de Penafiel, tão carecido de técnica instruída. A nossa atenção, sem menos prezar todo o resto, foi atraída para o pavilhão que pela sua singeleza de aparato seria natural que o não fosse. Mas a verdade é que, aquele Pavilhão de Formação Electromecânico, apesar de apresentar trabalhos do 1º ano, e talvez por isso, nos deixa antever que em breve surgirão na vida da Cidade, elementos capazes para um progresso evidente de Penafiel.

Aqueles trabalhos eléctricos, aquelas provas de acerto e tantos outros, que, sem condições oficinais por enquanto adequadas, portanto, executados sem aquele mínimo indispensável para uma produção perfeita, mostram-nos à evidência que ali existem valores e que justo se torna podermos confiar neles.

Aberta a sessão, debaixo de umas fruteiras que nos davam o benefício de uma sombra acolhedora, naquela tarde cálida de sábado passado, o sr. Dr. Aurélio Tavares leu as seguintes palavras:

Ex.mo representante do Senhor Presidente da Câmara,
Ex.mas Autoridades e Pessoas amigas desta Escola,
Ex.mos Senhores Professores e Mestres

De novo tem a nossa Escola o ensejo de revelar-se a V. Ex.as e à cidade de Penafiel, através do seu labor de dois anos. Houve o ano passado a intenção de contrariar o costume mais em voga entre as escolas do País de só bienalmente prestarem contas desta natureza às autoridades e ao público. Esperamos de facto antecipar de uma no esta exposição, para o que dispúnhamos já de sobejo material. É que se impunha, é que se impõe ainda hoje a urgência de a cidade ir conhecendo, direi melhor, descobrindo e apreciando a sua Escola Técnica, que tão interessadamente pediu e cujos frutos está colhendo – não só a cidade mas uma vasta região. Todavia a demorada montagem de pavilhões em que nos encontramos, só em Novembro concluída, inutilizou esse desígnio. Caiu-se, pois no uso normal de expor os trabalhos em anos alternados.

Têm V. Ex.as documentada nestas cinco salas a síntese do que se fez. O que vai passar pelos olhos de V. Ex.as é apenas um índice da qualidade, não da quantidade do nosso trabalho. Produziu-se muito, muitíssimo mais. Uma exposição no entanto não deve ser armazém, até porque nesse caso haveria o risco de enfraquecer pela fadiga e capacidade crítica de quem tem o direito de julgar-nos.

Devo abster-me de apreciar publicamente o mérito dos objectos expostos. Isto em contraste com o que é corrente na vida comercial. Esse juízo é da competência exclusiva de V. Ex.as. Apraz-me somente agradecer e render homenagem ao sacrifício de V. Ex.as por se dignarem honrar-nos com a sua distinta presença em hora que deveria ser consagrada ao descanso, para mais, sob a canícula desta tarde rigorosa de estio.

E também, para não merecer a qualificação de ingrato, direi uma expressão de agradecimento e de sincero orgulho, devidos à dedicação e à competência dos obreiros deste conjunto que, valorizado ao calor de uma apreciação bafejada pela simpatia, se poderá taxar de bazar de maravilha. Humano é que nesta realização se enleve e reveja quem tem a pesada responsabilidade desta casa. Mas que se enlevem e revejam também os pais que por aqui passarem, e que saibam a quem está confiada a preparação dos seus filhos para a vida. No abraço amigo que vou dar ao meu dilecto colaborador Escultor Carneiro Giraldes, sintetizo o comovido agradecimento a todos – à Senhora D. Maria de Lurdes, às Senhoras Professoras de Desenho, ao infatigável Mestre Cravo, à Senhora D. Maria Helena e demais Mestres, e, para além destes, aos verdadeiros autores de todos estes trabalhos, os nossos alunos, a luz dos meus olhos, a única razão da existência desta Escola e da nossa presença aqui.

Seguidamente os convidados, visitaram os cinco pavilhões de onde saíram maravilhados com o que lhes foi dado observar.

Estavam presentes o sr. Director e todo o Corpo Docente da Escola, representante da Presidência da Câmara, Dr. Delegado do Procurador da República, Comandante de Secção da G.N.R., Representante do R.A.L. 5, Representante da Mesa da Santa Casa da Misericórdia, Pároco de Penafiel, Delegado Escolar, Presidente da Comissão Municipal de Cultura, Representante da Escola Industrial de Amarante, muitas senhoras e muitas pessoas que aproveitaram já este primeiro dia para visitarem aquela Exposição que estará aberta todos os dias úteis até ao dia 31 a partir das 17 horas.

In “Jornal de Notícias” de 23 de Julho de 1965

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