quinta-feira, 28 de julho de 2011

PAIO RAMIRES -O PATRONO


I Série – Número 213

I.º SUPLEMENTO


MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
E DA EDUCAÇÃO NACIONAL
PORTARIA n.º 23 600

Destina-se o presente diploma a dar execução ao estabelecido no Decreto-Lei n.º 47 480, de 2 de Janeiro de 1967, e no Decreto-Lei n.º 48 541, de 23 de Agosto de 1968, no tocante à criação de escolas preparatórias do ensino secundário, à fixação dos seus quadros de pessoal docente, administrativo e menor, e à definição de certos regimes especiais aplicáveis, a título provisório, na primeira fase do respectivo funcionamento, de harmonia com o disposto no artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 48541.
Na escolha dos patronos das escolas tiveram-se em consideração em princípio, as sugestões feitas pelas autoridades locais, que se consultaram para o efeito.


A Escola Preparatória de Penafiel (com secção feminina), escolheu como patrono Paio Ramires.

In “Diário do Governo” de 9 de Setembro de 1968


No escrito anterior colocado neste blogue intitulado, “O Ensino em Penafiel – 1968”, de autoria do Dr. Ferreira de Sousa, diz textualmente o seguinte: figurará como patrono deste estabelecimento do Ciclo Preparatório do Ensino Secundário nesta cidade a nobre e honrada figura histórica penafidelense Egas Moniz.
Francamente, não sei quais os motivos que levaram a escolher como patrono da Escola Preparatória de Penafiel Paio Ramires em vez de Egas Moniz.
Vejamos quem era Paio Ramires, e quem era Egas Moniz, e quais as ligações que um e outro tinham à nossa terra.


Quem era Paio Ramires
Paio Ramires (1090 -?) foi um Rico-homem e cavaleiro medieval português.
Foi Mestre do Templo e cavaleiro nobre do Condado Portucalense, deu apoio a D. Afonso Henriques na rebelião deste contra a sua mãe, D. Teresa, Infanta de Leão, em 1128. Recebeu deste rei em 1132 o Couto de Cambeses, actual freguesia de Cambeses em Barcelos.


Quem foi Egas Moniz

Egas Moniz

Egas Moniz, dito «o Aio» (1080 - 1146) foi um rico-homem portucalense, da linhagem dos Riba Douro uma das cinco grandes famílias do Entre-Douro-e-Minho condal do século XII, a quem Henrique de Borgonha, conde de Portucale confiou a educação do filho, Afonso Henriques, tarefa essa que lhe deu o cognome pelo qual é conhecido.
Por esta altura Portucale era nominalmente dependente de Leão e Castela, então regidos pela rainha D. Urraca. Por morte desta em 1127, sucede-lhe no trono Afonso VII, o qual adopta o título de imperador de toda a Hispânia, procurando a vassalagem dos demais reinos, incluindo entre eles também o Condado Portucalense, que há muito demonstrava tendências autonomistas. Em 1128, Afonso Henriques, então com vinte anos, foi feito chefe dos barões que temiam a influência galega sobre Portucale e, forçado a batalhar contra as forças de sua mãe, Teresa de Leão, vence-as nos campos de São Mamede e assume a liderança política do condado, desejando lutar pela independência do Condado e alargar as fronteiras.

Estátua de Egas Moniz, no Jardim do Calvário em Penafiel

Pouco depois, Afonso VII vai por cerco a Guimarães, então sede política do condado, e exige um juramento de vassalagem a seu primo Afonso Henriques; Egas Moniz dirigiu-se ao imperador, comunicando-lhe que o primo aceitava a submissão.
Contudo, depois de deslocar a sua capital para Coimbra (1131), Afonso Henriques sente-se com força para destruir os laços que o ligavam a Afonso VII; faz-lhe guerra e invade a Galiza, travando-se a batalha de Cerneja (1137), da qual saem vitoriosos os portucalenses.

Painel de azulejos na Estação de S. Bento Porto, retratando a deslocação de Egas Moniz a Toledo

Como Afonso Henriques não cumpriu o acordado por seu aio, Egas Moniz, segundo reza a lenda, ao saber do sucedido, deslocou-se a Toledo, a capital imperial, descalço e com um baraço ao pescoço. Acompanhado da sua esposa e filhos, colocou ao dispor do imperador a sua vida e a dos seus, como penhor pela manutenção do juramento de fidelidade de nove anos antes. Diz-se que o imperador, comovido com tanta honra, o perdoou e mandou em paz de volta a Portucale. Esta parte da vida de Egas Moniz é recontada por Camões no Canto III dos Lusíadas (estrofes 35-40)..

Túmulo de Egas Moniz

EGAS MONIZ que foi aio de D. Afonso Henriques, está sepultado num túmulo decorado com altos e baixos-relevos, narrativos dos momentos mais importantes do percurso da sua vida até ao limiar da morte e salvação da alma, no interior do Mosteiro de Paço de Sousa (monumento que integra a Rota do Românico do Vale do Sousa).


Mosteiro de Paço de Sousa


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