quarta-feira, 6 de julho de 2011

EXPOSIÇÃO DE TRABALHOS

ESCOLA INDUSTRIAL DE PENAFIEL
6 DE JULHO DE 1963
EXPOSIÇÃO DE TRABALHOS EXECUTADOS PELOS ALUNOS

De entre eles salientamos os seguintes: planta turística da cidade e concelho; um busto de Egas Moniz; maquete do Sameiro e vários mosaicos; trabalhos de sabor regional; diversos trabalhos manuais (masculinos e femininos).
In “O Tempo” de 14 de Julho de 1963


A EXPOSIÇÂO DE TRABALHOS na ESCOLA INDUSTRIAL

A Escola Industrial esteve em festa no passado dia 6, e continua até ao dia 30 do corrente.
Foi inaugurada a exposição de trabalhos dos alunos daquele estabelecimento de ensino, realizados no presente ano lectivo.

Presentes, todo o corpo docente, representado pelo Director da Escola Dr. Aurélio Tavares, Presidente da Câmara Municipal sr. Coronel Cipriano Alfredo Fontes, Comandante do R.A.L.5, Director Clínico do Hospital sr. Dr. Joaquim da Rocha Reis, Francisco Brandão Rodrigues dos Santos, Dr. Manuel da Costa Guimarães, Dr. Fernando Cochofel Teixeira Dias, distinto advogado nesta cidade, a Mesa da Santa Casa da Misericórdia representada pelos sr.s Manuel A. Afonso, João Carvalho Moreira e José Mendes Magalhães, Dr. João de Oliveira Dias, Veterinário Municipal, Dr. Ângelo Pimentel, Director da Biblioteca Museu, Pároco de Luzim, Padre Albano Ferreira de Almeida, Pároco de Penafiel, Delegado Escolar Prof. José da Rocha Nunes e seu adjunto Prof. Luís Rodrigues, Prof. Joaquim José Mendes, da Mocidade Portuguesa, representantes da imprensa, etc.

O elemento feminino, estava representado por inúmeras senhoras das mais distintas famílias desta Cidade.
O Senhor Presidente da Câmara cortou a fita simbólica da entrada da Exposição e todos os presentes ficaram deveras maravilhadas com os inúmeros trabalhos que lhes foram patenteados.

No momento oportuno, o Sr. Director da Escola Dr. Aurélio Tavares, proferiu o discurso que não resistimos à tentação de transcrever na íntegra:

Ex.mo Senhor Presidente da Câmara,
Ex.mas autoridades e demais convidados:

Em plena época de exames, quando aos escolares se pedem contas do respectivo aproveitamento, julga-se a Escola no dever de as prestar também. Compete-lhe apresentar provas concretas do que durante um ano lectivo se fez em suas aulas e oficinas, para que a cidade e a região circunvizinha, que tanto desejaram e pediram o nosso estabelecimento do ensino, e presentemente o acarinham, lhe possam avaliar a eficiência da acção educativa. Submete-se portanto a Escola Industrial de Penafiel a um autêntico exame, solicita primeiro das Ex.mas Autoridades aqui presentes, e mais tarde de Toda a população, o julgamento rigoroso dos seus métodos e actividades, através dos resultados conseguidos. Para tanto, tratou de reunir nesta sala parte da sua obra paciente de cerca de dez meses. Eis aqui pois, humildemente concretizado em vários materiais, que mãos adolescentes aperfeiçoaram, muito do labor discente, a que nunca faltou no entanto orientação docente, discreta e vigilante.

Há uma intenção em tudo isto, qual seja a de traduzir em realizações mais ou menos belas o impulso, inspirado e condicionado pela experiência pedagógica, Com que à Escola cabe resolver as virtualidades juvenis dos educandos, por forma que a natureza se revele e desenvolva em plenitude moral e cívica, em beleza, em consciência intelectual, em destreza técnica. Possam no futuro isentar-nos de culpa as severas contas que vierem a ser-nos tomadas pelas famílias e pela Pátria, e ainda pelos mesmos que das nossas mãos saírem para a vida, de quanto fizermos, ou poderíamos ter feito, se na verdade o não fizermos cabalmente, nesta nossa missão de transformar para o bem as almas virgens que nos são confiadas, em depósito sagrado, a fim de lhes darmos o rumo certo, em busca da honra e da felicidade, tanto pessoal como geral. Tremenda responsabilidade imposta aos encarregados docente desta Casa, que porventura a não rejeitam, antes se lhe entregam totalmente, na confiança da assistência divina, na pureza dos seus propósitos!

Ex.mos Senhores! Bem modesta realização se me afiguram as peças aqui patenteadas, sobretudo se as estimarmos sob o aspecto quantitativo. Mas não nos moveu tanto a intenção de acumular, como a de mostrar o nível que se atingiu. Quanto a este, se a progressão obtida no domínio qualitativo satisfaz os Programas, não responde todavia aos nossos próprios brios nem anseios. E isto porque o ano lectivo se iniciou, e até se foi um tanto perigosamente adiantando, sem que nos houvessem completado o equipamento oficinal. Quanto aqui se vê, representa realmente o esforço dos dois últimos períodos escolares, decorrentes em ritmo inspirado num intenso desejo de recuperação, já que o primeiro período se perdera.

Evidenciada esta limitação a que nos forçaram circunstâncias alheias à própria vontade e aos meios de actuação postos ao nosso alcance, resta-nos submeter-nos ao julgamento criterioso de V. Ex.as, no desejo veemente de nos renovarmos sempre, superando-nos cada vez mais no desempenho da função educativa.

Antes, porém, cabe-me a honra de dirigir aos nossos ilustres convidados deste momento os agradecimentos da Escola e os meus próprios, pela amável visita que nos é feita e ainda pela compreensão, pela simpatia que nos está sendo dispensada.

Seja-me lícito individualizar, na manifestação deste agradecimento comovido, o Ex.mo e notável Presidente da nossa Câmara Municipal, suprema autoridade concelhia, pelo calor da sua dedicação a esta Escola, que tanto e tanto deve já a S. Ex.ª, pelo inestimável auxílio que lhe tem prestado e sobretudo por quanto sei da sua forte vontade de continuar a ajudar-nos.

À Santa Casa da Misericórdia, mormente ao seu insigne Provedor, são devidos também os agradecimentos mais calorosos, não só pelo que a mesma Santa Casa cedeu à Escola mas ainda pelo muito que da acção de S. Ex.ª se espera no futuro.

Embora qualquer referência aos obreiros infatigáveis deste pequenino museu fosse susceptível de assumir, ante olhos forasteiros, certa aparência de auto-elogio, uma vez que os trabalhadores desta “forja de almas” formam um só corpo, de que por ventura minha sou parte integrante, direi contudo na presença tão distinta da V. Ex.as que todos, todos – discentes e docentes – cumpriram mais que honrada, abnegadamente o seu dever. E isto deve bastar, para consolação moral do grupo. Destacar, por exemplo, dada a sua excepcional competência e magnífica dedicação, o incansável Mestre Cravo e Silva ou a senhora Mestra D. Maria Helena Dinis, ou o senhor Prof. Escultor Negrão seria como que ferir uma compreensível modéstia, - e o desejo de acção silenciosa deve ser respeitado.

Ex.mos Senhores:
Consinta a generosidade do espírito que até este ermo guiou os passos de V. Ex.as, que a vista, projectando-se para além da imperfeição dos trabalhos expostos, apenas revele às consciências a imagem da candura das almas que os conceberam, da ingenuidade das mãos que os realizaram!

Que todos os Penafidelenses, pais e educadores, não deixem passar esta oportunidade, de verem e acreditarem, no valor da Escola Industrial de Penafiel e verificarem com os seus próprios olhos que naquela Escola se trabalha para a formação consciente das massas juvenis que serão os futuros homens de amanhã.
Gratos pelo convite que nos foi endereçado.

In “ Notícias de Penafiel” de 12 de Julho de 1963.

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